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Fic da série Crepúsculo : Perspectiva de Breaking Down

Fic da série Crepúsculo : Perspectiva de Breaking Down

Autoria: Andréa Ferrer  (Andréa Cisne)

cap 1 - Dia do casamento
cap 2 - Primeira noite - Perspectiva de Edward
cap 3 - Almoço e Compras
cap 4 - Sol - Parte 1
cap 5 - Sol - Parte 2 - Perspectiva de Edward
cap 6 - Outono no Alaska – Perspectiva de Edward
cap 7 - Alaska
cap 8 - Hotel - perspectiva de Edward
cap 9 - Visita de Tânia
cap 10 - Faculdade e caça
cap 11 - Desgrado e aflição
cap 12 - Desagrado - perspectiva de Edward
cap 13 - Quase entendimento
cap 14 - Sonho
cap 15 - Visões de Alice
cap 16 - Visita Hostil?
cap 17 - Impressão
cap 18 - Noite de sangue – parte I: Forks

Prefácio

Eu estava aqui, finalmente o dia tão esperado de toda a minha vida, eu me preparei mentalmente, mas o nervosismo não me abandonava, nem mesmo o medo de todos os problemas que eram atraídos pela minha falta de sorte me deixou tão nervosa quanto isto, eu finalmente seria transformada naquilo que segundo Edward seria a desgraça, a morte em vida. Eu seria um monstro. Ele se aproximou de mim, a sua família estava por perto, mas optamos por ficar em seu quarto, Edward preferia tentar cuidar de tudo ele mesmo, Carlisle estaria por perto, caso Edward perdesse o controle. Controle, eu mal sabia que esta palavra se tornaria uma constante na minha vida.

 

Dia fatídico.
ALICE NÃO PARAVA UM MINUTO, ME SENTI O SEU EXPERIMENTO, de fato eu estava tendo um dia mais humano do que nunca, enquanto ela me maquiava alegremente, minha mente não parava de pensar no que estava por vir. Edward não estava. Ele não podia me ver antes da hora, Alice o expulsara, Emmett e Jasper, fizeram questão de garantir que Edward não estivesse perto o suficiente para ler a mente de Alice e ver o meu vestido. Alice também se garantiu quanto a isso, ela cantara o tempo todo uma musica inteligível. A olhei de modo estranho.

— Números chineses— respondeu ela ao ver o meu olhar inquisitivo. — precisamos garantir que Edward não te veja antes da hora — dizia com a sua voz de fada. Alice dançou com um espelho para me mostrar o resultado do seu trabalho artístico.

— Quem é essa? — perguntei ao me olhar no espelho. — Estou me sentindo a própria Barbie

— Engraçadinha. Você está linda. — disse uma voz familiar.

— Mãe? — Agora sim Alice iria ter bons motivos para me segurar por mais tempo dentro do meu “cantinho feliz”.

— Acha que eu perderia o dia mais importante da sua vida? Phil também veio, ele ficou na pousava próxima da igreja, ele preferiu nos deixar ter esse momento em família. — disse se sentando em minha cama.

Eu bem sabia por que Phil não queria vir, o único homem para ele conversar nesta casa seria o Charlie, não acho que eles teriam uma conversa muito produtiva, Charlie nunca foi dado a bater papo, principalmente com o atual marido de Renée.

— Renée, não é justo a sua filha ter um dia de noiva sozinha. Vou maquiá-la — disse enquanto pegava a sua maleta de maquiagens, sonho de qualquer maquiador profissional.

— Oh Alice, você é muito gentil, estou muito feliz pela minha Bella ter uma cunhada tão boa como você. — olhou para mim.

Alice abriu um sorriso.

— Sente-se Renée, hoje estou inspirada, sua maquiagem será a de uma rainha. — disse enquanto posicionava Renée numa cadeira e começava a maquiá-la.

Não demorou muito e logo a minha mãe estava linda, Alice fez um belíssimo trabalho, minha mãe estava linda, com certeza Phil iria gostar. Enquanto Alice e Renée tagarelavam, ouvi um carro estacionar a nossa porta, olhei pela janela e vi uma limusine prata, o motorista já nos aguardava, meu estomago estava cheio de borboletas.

— Bella? Bella? — Alice me chamava enquanto eu olhava pela janela imaginando o quanto aquela igreja poderia estar cheia.

— Ahn? Ah, sim Alice? — eu realmente estava distraída naquele momento enquanto eu pensava coisas do tipo: será que conseguiria caminhar até o altar sem tropeças no vestido?

O celular de Alice tocou, a música era uma marcha de casamento, eu pulei de susto.

— Sim? Ah, é você Edward, não se preocupe, pode ir ao altar, logo estaremos a caminho. Como assim estamos demorando? E por acaso você não sabe que é normal a noiva se atrasar? Fique frio — Alice sorriu com o trocadilho enquanto desligava o telefone. — Bella, precisamos ir ou mataremos Edward de ansiedade. — Alice e Renée me ajudaram a descer as escadas do meu quarto, Alice quase me carregou, só não o fez para não chamar a atenção de Renée, como uma menina menor que eu poderia ter forças para me carregar nos braços?

Sorri, e lembrei-me do que Edward havia me falado sobre o quão é difícil um vampiro morrer, mas será que a ansiedade seria capaz de acabar com ele? Imaginei Edward em suas roupas negras, um noivo fabuloso, com certeza Jéssica, Ângela e Lauren estariam lá olhando para ele e imaginando certas coisas. Tremi em pensar, com certeza Edward ouviria tudo e acharia graça.

Entramos na limusine, Charlie se sentou ao lado do motorista, ele estava incrivelmente bem alinhado, Alice realmente tem um gosto refinado para moda. Fomos à parte de trás, eu Alice e Renée. O motorista deu a partida, senti meu coração bater a mil, nunca senti algo tão forte como hoje, todas aquelas pessoas me vendo, suspirei longamente, realmente hoje é um dia fatídico.

— Bella, você está mais pálida que de costume— dizia minha mãe preocupada — está se sentindo bem?

Dei outro suspiro antes de disfarçar.

— Estou ótima mãe, é só ansiedade. — lembrei-me de respirar nesta hora.

— Bella, minha filha eu te conheço bem o suficiente para saber que você deve estar uma pilha, tente se acalmar, Edward também deve estar ansioso.  

— Ansioso é elogio, ele passou a noite passada inteira ensaiando os passos e a fala do casamento. — reclamou Alice — Quase o joguei pela janela — imaginei se ela realmente não o fez...

— Fala? — perguntei preocupada — não estou sabendo disso, que fala Alice? —minha garganta estava embargada, agora sim eu ia atropeçar naquele altar e derrubar tudo.

—É uma brincadeira Bella, não tem fala nenhuma — Alice tentou disfarçar um sorriso que me deixou desconfiada —chegamos. — disse enquanto descia e abria a porta para Renée descer. Esme veio ao nosso encontro, ela estava um carro próximo a igreja.

— Renée, precisamos entrar e tomar as nossas posições de sogras — sorriu. — Esme estava linda num vestido de cetim azul claro, Renée não ficava atrás em seu vestido verde claro, as duas realmente estava se dando muito bem. — Renée saiu do carro, Esme olhou para mim e lendo o meu rosto percebeu o meu nervosismo — Bella, Edward já está no altar, nunca o vi tão agitado. A propósito você está linda — deu uma piscadela, enquanto se afastava com Renée.

Fechei os olhos, a qualquer minuto agora, Charlie já se preparava, ele estava tão nervoso quanto eu, e com razão, ele levaria a sua única filha para entregar nas mãos de um noivo que não era bem quem ele queria que estivesse naquele altar, eu bem sabia qual era a sua preferência. Jacob.

O motorista abriu a porta da limusine, Charlie me estendeu a mão, a hora chegou, me levantei bem devagar mentalizando cada passo com antecedência, Charlie percebeu a minha hesitação  em andar.

— Ainda dá tempo de desistir Bella. — Disse ele baixinho. Fechei a cara e continuei andando. Estávamos em posição, Alice correu para avisar para tocarem a música. A marcha nupcial começou. Recebemos o sinal para andarmos pelo altar.

Eu e Charlie dávamos um passo de cada vez muito vagarosamente. Edward me viu e pareceu deslumbrado, ele abriu um pequeno sorriso, quase perdi o equilíbrio ao vê-lo, ele estava ainda mais lindo com aquela roupa. Mal conseguia reparar na igreja decorada alegremente com milhares de flores, tapete vermelho e milhares de velas, coisa de Alice.

Enquanto andava pude perceber as presenças de Seth e sua mãe, Billy Black também estava lá, mais ao fundo em sua cadeira de rodas, Jacob não apareceu, Seth o representaria, com certeza Jacob ouviria toda a cerimônia, eu lamentava profundamente a sua ausência, por minha culpa ele estava desaparecido há meses, a última vez que tive notícias dele ele estava em algum lugar do Canadá. Avisei a Seth que Jacob tem que evitar o Alaska, já que lá estão algumas pessoas da família de Tânia, não queria que ele se metesse em encrenca.

Chegamos ao altar ilesos — só tropecei uma vez e não caí por que Charlie me conhecendo bem me segurava firmemente  —Charlie juntou minhas mãos com as de Edward e reticente tomou o seu lugar de pai ao lado de Renée. Alice também estava em posição de minha madrinha junto de Seth que não se incomodava nenhum pouco com sua presença, há muito os quileutes estão superando a desconfiança sobre os Cullens. Carlisle e Esme eram os padrinhos de Edward. Rosalie, Emmet e Jasper estavam sentados na primeira fileira, Rosalie me lançava um olhar menos frio, quase amistoso.

O Padre começou as palavras de praxe, as borboletas no meu estômago se agitavam ainda mais, Edward me olhava nos olhos enquanto repetia as palavras que o padre mandava, eu fiz o mesmo, gaguejei um pouco, nas palavras até que a morte nos separe, mas no resto foi tudo ok. Trocamos as alianças, minha mão estava trêmula, eu podia jurar que Edward estava suando, mas deveria ser impressão minha isso não acontece com ele. Selamos a nossa união com um beijo e saímos do altar, os convidados faziam o mesmo e vinham atrás, alguns saíram na frente para nos brindar com a tradicional e terrível chuva de arroz, Edward me protegeu bem, ele deve ter imaginado se não havia o risco de um arroz me segar, com a minha sorte tudo era possível. Fizemos a festa de casamento no salão de um restaurante na parte alta de Forks, com certeza todos estavam adorando, fui alvo de todas a meninas, elas não viam a hora de me ver jogando o buquê, eu realmente não entendia a urgência delas. Dançamos uma valsa, depois várias outras músicas, perdi a conta de quantas vezes pisei nos pés de Edward. Seth estava lá, ele adorou a festa, estava junto de sua mãe e Billy próximos as mesas de Charlie, Renée, Carlisle e Esme. Billy estava sério, mas mantinha as aparências, ele sempre foi contra o meu namoro com Edward, não queria me ver transformada no que ele era.

— Já te disse o quanto você está linda? — perguntou-me ao ouvido enquanto dançávamos uma musica lenta.

— Eu? Você já se olhou no espelho hoje? Você está lindo! — disse com voz ressaltada — reparou nos olhares das moradoras de Forks?

— Não. — respondeu convicto — só consigo enxergar você. — me beijou no pescoço, me fazendo tremer.

— Respire Bella, respire. — lembrou-me com um sorriso

Eu estava começando a cansar, Edward percebeu e fomos nos sentar a mesa, eu bebi um refrigerante, alguns amigos vieram nos cumprimentar: Mike, Eric e Tyler.

Edward franziu o cenho quando eles se afastaram.

— O que foi? — perguntei curiosa — o que eles pensaram?

— Simplesmente queriam estar no meu lugar na noite de núpcias. — disse sério — não gosto de ouvir essas coisas, me incomodam.

Eu suspirei, definitivamente esta noite de festas não estava sendo fácil para Edward.

— Está querendo ir? — me perguntou sabendo da minha resposta. Alice apareceu.

— Hora do buquê! Precisamos jogá-lo logo! — disse me apressando. Edward olhou para ela viu algo.


— Bella, precisamos ir.

— O que você viu Alice, alguma coisa perigosa? — perguntei alarmada.

— Vi Emmet furioso com Tyler, por ele tê-lo molhado com licor vermelho por acidente é melhor evitarmos isso, não é mesmo? — disse enquanto me puxava para o meio do salão e gritava anunciando a hora do Buque. Enquanto isso vi Edward levando Emmet para um canto e dando as chaves do carro.

Todas as meninas estavam a postos, inclusive Alice, eu já bem sabia do resultado. Joguei o buquê e vi os rostos de decepção das meninas ao verem Alice com o buquê nos braços.

— Pessoal, hora da despedida dos noivos — gritou Seth ao nos ver nos afastando.

Inúmeras pessoas vieram nos cumprimentar. Charlie e Renée me abraçaram, meus olhos marejaram.

— Filha, seja muito feliz. — disse Charlie apo meu ouvido tropeçando nas palavras, ele estava emocionado — Edward, cuide muito bem da minha única filha.

— Cuidarei senhor Swan. — disse dando-lhe um aperto de mão firme e formal.

Minha mãe estava soluçando.

—Bella, você vai ser muito feliz, eu posso sentir isso, não deixe de me enviar e-mails, quer sempre ter notícias suas. — disse com a voz embargada — Edward, espero que não me veja como uma sogra chata, mas quero que você prometa que vai fazer a minha filha muito feliz, por favor, nunca a magoe.

— Eu prometo Renée — disse recebendo o abraço carinhoso de minha mãe.

Finalmente saímos da festa, corremos para o carro. Na verdade Edward me carregou. Entramos no volvo. Emmet iria dirigir. Nos levaria a casa dos Cullens, Edward achou prudente que tivéssemos nossa primeira noite em seu quarto, qualquer problema o Carlisle poderia ajudar. Tremi em imaginar algo dando errado e o Carlisle entrando no quarto. NÃO, NÃO, NÃO! Isso não vai acontecer, pensei com convicção.

— Está preocupada Bella — perguntou Edward ao olhar minha expressão de horror.

— Não — tentei mentir — Só não gosto muito da idéia de ter a nossa noite de núpcias na sua casa — nesta hora ouvi uma risadinha de Emmet. Esqueci completamente de que ele estava dirigindo. Me encolhi envergonhada. Edward olhou feito para Emmet pelo retrovisor e balbuciou algo que só eles podiam ouvir. Emmet fechou a cara.

— Bella, já conversamos sobre isso... — Edward me lançou um olhar terno e me apertou em seu peito. — você sabe muito bem do motivo.

— Sim sei — suspirei derrotada.

Emmet parou o carro, havíamos chegado finalmente, ele desceu do volvo e logo em seguida pegou a caminhonete, ele não ficaria na casa, nenhum dos Cullens novos iriam ficar, somente Esme e Calisle.

Suspirei aliviada. Quanto menos pessoas na casa, melhor.

 

Primeira noite
EDWARD ME CARREGOU ATÉ O SEU QUARTO, ele estava ofegando, eu estranhei, seria expectativa? Eu não sabia, ficamos nos olhando, Edward tomou a iniciativa e começou a me beijar, eu percebia que ele relutava, tomava todo o cuidado do mundo, mas em nenhum momento me refreava, eu o abracei com força e dele tentei roubar o beijo mais profundo, eu sentia o cuidado dele, a delicadeza dos movimentos, Edward não tirava os olhos dos meus em nenhum momento, fiz o mesmo, fomos com muita calma eu refreei muitos dos meus impulsos, eu não queria que ele de repente desistisse ou perdesse o controle. Ultrapassamos todos os limites anteriores dos nossos contatos. Nossas respirações estavam ofegantes, seus olhos vidravam comecei a sentir o ar me faltar, tudo rodava, a minha respiração ofegava, eu perdia o controle e me entreguei ao prazer, Edward fazia o mesmo, finalmente éramos um do outro de maneira completa. Foi uma noite perfeita. Adormeci, me sentindo completa e muito feliz.

Amanheceu. Acordei com a claridade entrando no quarto, Edward estava ao meu lado ele me olhava com um rosto terno e apaixonado.

Também olhei para ele com a certeza de que minha vida mudaria radicalmente e isso era o que eu mais desejava no mundo. Poder viver com Edward para sempre.

Perspectiva de Edward.

 Me sentia vivo, como a muito eu não sentia, na verdade foi a primeira vez que me sentia humano o calor, a paixão, tudo tão novo e ao mesmo tempo tão esperado. Tive todo o cuidado do mundo, não queria machucá-la, por um pequeno momento perdi o controle, o êxtase, fiquei fora de mim e quando voltei assustado, percebi que Bella, a minha Bella estava lá intacta, eu não a machuquei, tivemos uma noite perfeita. Ela adormeceu, resolvi ficar ao seu lado, a observei por um bom tempo, fechei os olhos, mesmo sem dormir pude sentir o calor emanado do corpo de Bella, sua respiração profunda, seu cheiro.

Bella acordou, eu lhe trouxe um café da manhã preparado por Esme, mesmo sem sentir o gosto real da comida ela parece ter acertado, Bella tomou o suco e pareceu gostar do sanduíche.

Ela me olhava, parecia estar curiosa sobre o café.

— Foi Esme quem preparou.

— Ah, está delicioso. — disse ela enquanto mastigava, eu adorava vê-la nestes momentos, chamados por ela de momento humano.

— Quer mais? — perguntei ao vê-la terminar

— Não, estou mais que satisfeita — disse enquanto se levantava.  Sua camisola branca de cetim me fez suspirar, a sensação humana estava voltando...

***

Almoço e compras
Uma semana, quem diria, faz uma semana que me tornei a senhora Cullen, nunca me senti tão feliz, hoje, porém, era um dia triste, Edward saíra para caçar com Emmet e Jasper, eu ficaria sem vê-lo por dois dias e isto me deixava deprimida. Alice ficou, ela havia se alimentado antes dos outros para me fazer companhia quando Edward saísse, ela me encheu de perguntas, me fazendo corar, queria saber de certos detalhes que me recusei a dizer.

— Bella, vamos a Seattle fazer umas compras? Agora que você é da família, precisa ter um guarda-roupa mais completo. — disse enquanto me fazia uma trança.

— Não sei Alice, acho que vou visitar o Charlie, ele pareceu chateado quando liguei ontem, acho que está com saudades. — respondi pensando no quanto Charlie poderia estar sentindo a minha ausência, com certeza a casa estava uma bagunça

—É verdade — Alice concordou — ele está com saudades e hum... — parou de repente.

— O que você está vendo? — perguntei aflita, vendo a sua cara de espanto

— Acho melhor avisarmos da nossa visita... — disse num fio de voz.

— Por quê? — perguntei ainda mais curiosa.

— Ele quer preparar uma surpresa para você. Vai preparar o almoço, só está esperando você avisá-lo. — sorriu balançando a cabeça. — Acho que não vou poder ir.

— E por que Alice? Você é muito bem vinda, Charlie te adora. — eu disse com convicção.

— Eu sei, mas acho que não vou gostar, ele vai me empurrar a comida e se eu negar ele vai ficar triste.

— Ah, então é isso. — me lembrei da comparação que Edward fizera um dia do gosto da comida com o gosto de terra, simplesmente intragável para o estômago vampiro.

— Mas posso fazer um pequeno sacrifício — disse com um sorriso amarelo, diante da minha cara triste — ele vai ficar muito feliz, se eu comer.

Liguei para Charlie, ele ficou muito feliz em saber que Alice ia junto, queria saber o tipo de comida que ela mais gostava.

— Massa — ela me falou baixinho.

Charlie ao saber da preferência de Alice disse que faria uma lasanha. Vi Alice fazer uma careta. Ri ao imaginar a situação.

Arrumei-me depressa, fomos no carro novo de Alice, o Porsche amarelo, ele chamou tanta atenção quanto o meu Mercedes Guardian, eu me encolhi, o tempo nublado e frio abrigou Alice a levantar os vidros.

Ao chegar a cada de Charlie senti uma sensação nostálgica. Ele estava nos esperando, pude sentir o cheiro do almoço da porta.

— Bella como está? — Me perguntou —você está bem? Está feliz — tropeçou com as palavras.

— Estou ótima pai — olhei para ele com o aviso de que essa era a resposta definitiva.

Alice veio atrás de mim, Charlie abriu um sorriso.

— Hoje você não me escapa, vai comer conosco. Entrem. — disse indo para a cozinha.

— Claro Charlie. — respondeu Alice com um belo sorriso.

Nos sentamos a pequena mesa, Charlie trouxe a travessa de lasanha, eu fiquei pasma, ele conseguiu cozinhar algo além de ovos e peixe frito, nos servimos, Alice pegou uma porção pequena, Charlie olhou para ela, era a hora, Alice deu uma garfada na lasanha e levou a boca, mastigou devagar e engoliu, Charlie sorriu e eu fiquei pasma.

Passamos uma tarde agradável, Charlie contou alguns pequenos casos de problemas com turistas, nos despedimos e fomos a Seattle fazer compras.

Fomos a diversas lojas, Alice se empolgou, escolheu a maioria das minhas roupas, resolvi deixar nas mãos dela, seu gosto era bem mais refinado que o meu, foi um dia divertido, pelo menos pude me distrair um pouco, a noite é que seria difícil. Se pelo menos Edward tivesse me transformado, teríamos ido caçar juntos, mas ele conseguiu me convencer que seria melhor fazê-lo depois que já estivéssemos longe, com a chantagem de que eu poderia ser um perigo para todos que eu amo, acabei concordando.

— Veja Bella, esse é a sua cara — disse mostrando-me um casaco quente com capuz felpudo, agasalho ideal para se usar no Alaska... — Vamos experimentar

—Alice — a interrompi de seu frenesi de moda — diga-me, a família de Tânia, como eles vivem no Alaska? Não devem ter muitas opções por lá, não é mesmo?

— Opções? Ah sim, alimento. Apesar ser bem mais frio, o Alaska possui vários animais, focas, Ursos, cervos, você não teria problemas se precisasse se alimentar como nós. — escolheu outro casaco — Olhe este que lindo, também vamos levar...

— Você disse bem Alice — a interrompi novamente — se alimentar como vocês, você ainda consegue me ver transformada?

— Bella, se você decidiu isso, minha visão não muda, continua a mesma. Só não me peça detalhes, pois é tudo muito inconstante, não vejo, por exemplo, se a sua transformação se dará em alguns dias ou meses. — fitou-me com sinceridade.

— Provavelmente será em alguns meses — suspirei — Edward quer que eu estude pelo menos por alguns meses, quer que eu experimente a sensação de ser uma universitária como uma humana. — revirei os olhos

Alice deu de ombros enquanto pegava mais alguns casacos pendurados na arara.

— Alguns meses então. — encerramos o assunto.

***

Voltamos para casa, no final da tarde, as sacolas eram tantas que mal cabiam na parte de trás do porsche, Alice carregou a maior parte dos pacotes, na verdade quase todos, ela me deixou carregar uma sacola pequena.

Eu estava exausta, andamos em várias lojas, Alice nem ofegava, quando chegamos senti o cheiro de comida. Esme preparou-me algo, pareciam waffles, apesar de estarem um tanto tostados.

— Bella, eu tentei, mas não sei se o gosto está bom... — disse ela enquanto colocava os waffles num prato. — Edward me disse que você precisa se alimentar bem. Se não estiver bom, compro uma pizza — disse ela preocupada.

— Obrigada Esme — eu disse experimentando, realmente os waffles estavam um tanto queimados demais — estão ótimos — tentei disfarçar, porém mal terminei de comer e disse eu já estava satisfeita.

Esme olhou para Alice que balbuciou algo que não consegui ouvir, subi para o que também era o meu quarto agora, deitei na cama e com os braços cruzados atrás da cabeça fiquei olhando o teto. Lembrei-me de todas as noites que tivemos e tremi. Uma parte de mim estava faltando, eu me sentia incompleta sem o Edward. Toda vez que Edward saia para caçar eu sentia algo dentro de mim se partindo, era doloroso, mas eu sabia que ele precisava. Não demoraria muito e eu também estaria em sua companhia nas caças.

Batidas na porta, era Alice e ela trazia uma caixa de pizza.

— Percebemos que os waffles não estavam tão bons. — sorriu sem graça.

— Mas eu não disse nada. — tentei disfarçar a vontade de atacar a pizza.

— Você não disse nada, mas a sua expressão quando deu uma mordida, não era uma das melhores. — sorriu enquanto colocava a caixa de pizza sobre a cama. — digamos que sou melhor atriz que você para gostos estranhos. — disse se referindo ao almoço de Charlie.

— Realmente você disfarçou muito bem Alice, tanto que deixou Charlie orgulhoso, até demais.

— Demais? Por que, a lasanha não estava boa? — perguntou curiosa.

— Estava, mas Charlie errou no tempo do forno, estava meio crua, mas nada que não fosse intragável. — sorri, me lembrando do oposto com os waffles, que só tinham gosto de farinha com água.

— Pelo menos deixei Charles contente — falou Alice se afastando — está tarde, você precisa dormir.

— Não estou com sono — disse tentando mentir para mim mesma essa seria a minha primeira noite sozinha neste quarto.

— Bella, se você quiser, lhe faço companhia, sei que você vai dormir logo. — sorriu — sei que é difícil ficar num local estranho e sozinha... — pareceu adivinhar o que eu estava sentindo. Alice se sentou no carpete ao lado da minha cama e se debruçou perto do meu travesseiro. Conversamos mais algumas coisas sobre o Alaska, logo peguei no sono.

***

Sol - parte 1
Senti uma claridade estranha, era algo acima do normal, eu estava numa floresta e caminhava com facilidade, sem desequilíbrios e sem medo, Edward estava ao meu lado, ele brilhava, olhei em volta percebi que o dia estava lindo, ensolarado. Começamos a correr juntos e eu o acompanhava com facilidade, vi um lince e me assustei, Edward sorriu para mim, paramos, ele beijou a minha mão, não mais o sentia frio, na verdade ele parecia ter a mesma temperatura que eu, depois ele colocou a minha mão em seu rosto e reparei numa coisa crucial: eu brilhava como ele, eu era como ele.

Acordei num sobressalto, olhei em volta e percebi a claridade, dia de sol em Forks, uma raridade. Reparei que Alice não mais estava ao meu lado.

Me vesti depressa, não podia deixar esse dia passar, Esme havia me deixado o café da manhã, frutas, sucos e torradas. — sorri, ela desistiu de cozinhar. Percebi que não havia ninguém em casa, achei um pequeno bilhete, a letra bem escrita explicava a ausência, Alice e Esme se encontrariam com os outros, eu não ficaria sozinha por muito tempo. — sorri, sabia que Edward logo chegaria. Tomei o meu café da manhã com vontade, a expectativa me deixou faminta.

Aproveitei a ausência de todos e tornei a ligar para Seth.

— Oi Bella! Você viu, um milagre, sol em Forks — disse com alegria

— Realmente um milagre — respondi sorrindo, mas minha voz se estreitou —Tem notícias de Jacob?

— Ele continua no Canadá, me respondeu sério, acho que ele está se acalmando, o perdemos por um momento, ele deve ter voltado na forma humana por uns dias, depois voltamos a senti-lo, ele está querendo nos despistar, não olha para onde vai, está furioso comigo.

Percebi a voz de Seth se estreitar num sussurro.

— Ele acabou vendo o seu casamento nas minhas lembranças há três dias quando fui patrulhar a floresta com Sam. Senti a tristeza dele.

Eu suspirei. Até à distância eu continuava a ferir o coração de Jacob.

— Como estão Billy e os outros? — tentei amenizar a conversa.

— Estão bem, eu estou ajudando o Billy, tirei até carteira de motorista, estou dirigindo o carro para ele. — senti a alegria em sua voz.

— Que bom Seth. Fico muito feliz por você. — falei sincera. — Bem, eu vou aproveitar o sol.

— Uma coisa rara assim realmente não deve ser deixada de lado — brincou — Bella manda um abraço para o Edward e diga a ele para vir me visitar, vou à casa do Charlie com Billy nesse fim de semana.

— Estaremos lá Seth — prometi.

Ouvi um carro chegando, fui a garagem, para a minha decepção não era nenhum dos Cullens, era um carro de entrega do mercado, por isso Esme e Alice não estavam em casa...

Resolvi sair, deixei um bilhete na porta da geladeira, dizendo que eu iria dar uma volta em Forks, peguei o meu carro já sabendo a atenção que ele chamaria.

***

É uma pena Charlie não estar em casa, seria bom passar algumas horas com ele, mesmo que ficássemos apenas assistindo TV, mas num dia lindo como hoje ele não perderia a chance de uma boa pescaria, liguei para ele e obtive a certeza, ninguém atendera ao telefone. Ainda não me acostumei ao carro, a cada pisada no acelerador, era uma pisada no freio em seguida, chamando mais ainda a atenção para o carro. Aposto que todos lamentavam o desperdício de um carro como aquele ser guiado por alguém como eu.

Fui para a praia, a viagem foi bem demorada, talvez se eu tivesse com a minha velha caminhonete, a viagem teria sido mais rápida. Me sentei nas pedras e fiquei contemplando o sol, as nuvens estavam longe. Aquela paisagem me deixava inquieta, lembrei-me de meu querido amigo Jacob, de quando nos conhecemos e de como eu fui mesquinha na primeira vez que conversamos me aproveitando da ingenuidade dele.

As lágrimas começaram a descer, lutei contras elas, não podia me entregar a tristeza, a culpa, já era muito tarde para isso, eu estava feliz ao lado de Edward e tomado a minha decisão. Talvez eu pudesse voltar algum dia a Forks depois que eu fosse transformada, daí eu veria Jacob e me arriscaria a ter a amizade negada pelo meu mais querido amigo.

Bufei, eu não quero mais pensar nisso! Corri para o carro, quase caí, era hora de voltar a Forks.

Ao chegar à rua principal parei em frente à loja dos Newtons, saí do carro e os vi mudando a fachada, Mike Newton estava em cima de uma escada com um rolo de tinta, sorri ao vê-lo pintando tudo com muita pressa, a Sra. Newton me viu.

— Oi Bella! Que bom vê-la — disse se aproximando de mim — Não tive a chance de dizer o quanto seu casamento foi lindo — abriu um sorriso — um casamento como aquele é sonho de qualquer moça — suspirou.

Fiquei corada com a declaração dela. Mike demorou em me perceber, olhou para baixo e levou um susto.

— Hei Bella! — sumiu hein — deu uma piscadinha — e o Edward, ele não veio — perguntou num tom diferente, próximo a ironia.

— Ele não está na cidade — menti — foi resolver a documentação da nossa faculdade.

— Então você vai mesmo para o Alaska? — perguntou surpreso — Que ironia — revirou os olhos — nunca pensei que você pegasse gosto por climas frios. — sorriu

— Forks me ajudou a mudar de perspectiva — balancei os ombros.

— Mike — Sra. Newton nos interrompera — acabe logo de pintar isso, se não terminarmos logo, será um dia perdido. — disse se referindo a tinta fresca, eu bem sabia do que ela estava falando, se a tinta demorar para secar, a chuva do final de tarde pode por tudo a perder. — Bella, entre um pouco, venha tomar um café comigo. — me puxou, não me dando tempo de inventar qualquer desculpa.

Nos sentamos atrás do balcão, a Sra. Newton improvisou um copo com a tampa da garrafa térmica, eu fiquei com a única caneca.

— Pensei que vocês fossem viajar para a lua de mel — disse-me cheia de expectativas olhando nos meus olhos — Forks é tão calma, não combina com lua de mel — sorriu

— Optamos por passar o restante do verão em Forks — falei enquanto segurava firme a caneca — No outono começam as aulas da faculdade e teremos que nos mudar.

— Ah, Mike havia me dito que vocês vão para o Alaska, me parece ser um lugar bem frio, faz menos sol que em Forks — disse fazendo uma careta e olhando em direção a Mike que continuava a pintar com afinco. — Mas se é isso que vocês escolheram, vão em frente e sejam muito felizes. — disse pegando em minhas mãos.

Sorri para ela, a Sra. Newton sempre me tratou muito bem enquanto eu trabalhei em sua loja, vou sentir saudades dela e de todos os amigos que fiz em Forks.

Ouvi o barulho de alguém entrando, a porta tinha uns sininhos que sempre denunciavam quando alguém entrava na loja, era Jéssica, ela deu um gritinho estridente quando me viu.

— Bella! Pensei que estivesse viajando em lua de mel — disse-me levantando uma sobrancelha — voltou depressa a Forks.

Jéssica era direta quando queria, Edward nunca lhe deu muita atenção, na verdade, acho que ele nunca gostou muito dela.

— Ela e Edward resolveram ficar em Forks — respondeu a Sra. Newton.

Comecei a me sentir pouco a vontade, não gosto de virar o centro das atenções, já basta o carro fazer isso por mim.

Me levantei, a Sra. Newton me ofereceu mais um café, neguei educadamente.

— Está ficando tarde — olhei para o grande relógio da parece — Prometi que voltaria para casa logo.

— Você vai para a casa do Cullens, certo? — me perguntou Jéssica com um grande sorriso suplicante.

— Hum.

— Você pode me dar uma carona Bella? Por favor? — juntou as mãos em pedido de súplica.

— É claro — falei a contra gosto, com certeza Jéssica me encheria de perguntas sobre a minha noite de núpcias.

Me despedi de Mike e sua mãe e entramos no carro, Jéssica ficou deslumbrada com o interior do veículo, olhou para o painel, bancos de trás para depois me olhar incrédula.

— Isso que é carro! — disse ela com os olhos arregalados.

Dei a partida e como sempre errei a embreagem, o carro deu um pequeno salto e morreu.

— Ainda não me acostumei com ele — me desculpei sorrindo e ao mesmo tempo querendo me esconder de vergonha.

— Ah, mas logo, logo você se acostuma Bella, é um carro lindo — mordeu o lábio.

Eu realmente não entendia essa paixão que o povo de Forks estava tendo por este carro. Dei outra vez a partida, dessa vez acertei.

Graças ao meu problema em lidar com o carro Jessica evitou conversar tanto, ainda mais depois da freada brusca que dei ao fazer uma curva rápida,  ela se limitou a elogiar o meu casamento e a querer saber da minha faculdade.

Deixei Jéssica em sua casa e rumei para a minha atual moradia, o sol já voltava a se esconder em meios as nuvens, o cartão postal de Forks. Com certeza alguém já estaria em casa.

Assim que cheguei reparei na picape de Emmet, corri para dentro de casa, olhei em volta, vi Jasper sentado no sofá apoiando as pernas uma mesinha de centro enquanto lia um livro.

— Bella. Onde estava — perguntou curioso.

— Fui dar uma volta pela cidade. — respondi reparando o quão claros estavam seus olhos.

— Edward foi te procurar. — ficou preocupado.

— Ele não viu meu bilhete?

— Não sei — balançou os ombros.

— Onde está Emmet? — perguntei olhando em volta — foi me procurar também? — sorri sem graça

— Está no quarto dele.

— E Rosalie? — perguntei já sabendo a resposta, depois que vim morar aqui, ela passa a maior parte do tempo em seu quarto, ou em qualquer outro ambiente que eu não esteja, com certeza eu estava progredindo com ela.

— No quarto dela.

Suspirei, Jasper não estava dado a conversas, resolvi ligar para Edward e percebi que havia desligado o celular sem querer depois de tentar ligar para o Charlie.

Liguei o aparelho e mostrou a mensagem de recados na tela.

As ouvi, eram três.

— Bella, onde você está? Por que não atende as minhas ligações? — uma segunda mensagem — Bella, por que desligou o celular? — e por último — Bella eu me pergunto o porquê de ter te dado um celular, se dá na mesma de não o tê-lo. Vou te arranjar um bip, talvez seja mais fácil te achar assim. — terminou a mensagem com ar de desaforo.

— O Edward está exagerando — disse Emmet descendo as escadas — Sinceramente Bella, ele está intragável.

— Por quê? — perguntei quase sabendo a resposta.

— Nestes últimos dois dias fiquei ouvindo Edward reclamar, ele queria voltar imediatamente, fez a nossa viagem ficar chata. Nem Jasper conseguiu acalmá-lo. — sorriu se virando para ele que só retornou o olhar e voltou a ler em seguida — Não vejo a hora de você se juntar de vez a família — disse abrindo um largo sorriso.

Fiquei calada, mas ele viu o meu rosto cheio de expectativas. Emmet colocou as mãos no bolso.

— Mas isso é com você e ele. — disse se virando para a sala.

Ouvi um barulho lá fora, era o volvo, eu já bem conhecia o seu som, sua parada pareceu um tanto brusca. A porta foi aberta de jeito brusco, Edward entrava com passos largos, me encolhi esperando pela bronca.

— Bella... — disse ele. — Senti saudades — completou me abraçando forte.

— Me desculpe — pedi enquanto me alinhava naquele abraço tão prazeroso.

— Onde esteve? Te procurei por toda a cidade, achei até que você estivesse na casa de Billy Black — percebi seus olhos faiscarem de raiva.

— Não estive lá, mas fui à reserva, quis ver a praia.

— Hum. Se divertiu? — perguntou a contra gosto, na verdade senti uma ponta de ciúme na pergunta.

— Na verdade não. Você não estava lá — falei enquanto olhava nos seus olhos.

Edward sorriu e num movimento rápido me pegou no colo e me levou ao quarto. Nos beijamos longamente, ele estava com os olhos muito claros e lindos, parei para Admirá-los.

— O que foi? — perguntou ele curioso.

— Seus olhos. Nunca os vi tão claros. — falei ainda olhando em seus olhos

— Precisei me alimentar mais do que o normal, você acabou comigo — disse debochado.

Nunca havia corado tanto em toda a minha vida, tentei procurar um buraco para me jogar dentro. Edward percebendo a minha vergonha me puxou para a cama e me abraçou forte.

— Você ainda me mata. — disse ele me dando outro beijo.

— Impossível — falei sem fôlego — você é imortal.

— Já te disse que depois que te conheci já não tenho tanta certeza. — disse começando a respirar de maneira alterada. — Essa foi a viagem mais difícil da minha existência.

— Emmet me disse. — sorri

— Emmet fala demais. Eu lamento muito ter perdido esse dia com você, sei o quanto você gosta do sol — comentou lamentoso.

— Teremos outros — disse o abraçando firme — só não se esqueça de agendar melhor os seus dias de caçada — brinquei — lembre-se que temos a melhor metereologista do mundo — sorri me referindo aos poderes de Alice.

— Vou me lembrar disso — comentou terminando a nossa pequena conversa com mais e mais beijos me fazendo arfar...

 

 

Sol – Perspectiva Edward
Percebo o quanto Bella fica triste com a minha ausência, mal sabe ela que se eu pudesse abriria mão de me alimentar só para não ficar longe. Mas não posso, sou um monstro, preciso de sangue, se eu não caçar me torno ainda mais mortal, começarei a ver os humanos como meras presas e isso eu não quero para mim, não mais.

Hoje estou a caminho de mais um dia de caça, permanecerei na floresta por mais um dia, tempo suficiente para me alimentar e garantir que eu não sinta a maldita necessidade de sangue por pelo menos dez dias. Dividimos-nos em dois grupos: Jasper e Carlisle ficaram ao lado oeste, eu e Emmet ao lado sul da floresta, hoje eu não iria escolher, qualquer grande animal poderia ser suficiente. Rosalie ficou com o lado leste, ela gostava de caçar sozinha.

Caminhei, não queria correr ainda, a chuva de ontem tornou a floresta ainda mais sombria, os animais se recolheram. Nem o sol de hoje que brilhava por cima das árvores os atraia. Era a nossa presença, os animais nos sentem.

 Ouvi um barulho na mata, mas não dei atenção, Emmet passou por mim e logo atacara um urso, seus movimentos pareciam suaves, mas na verdade mortais, sua luta com o urso durara apenas alguns segundos, me sentei no chão e vislumbrei-o enquanto ele se alimentava, precisava de um estímulo para caçar. Emmet olhou para mim e pude ver na sua mente: ”Cara, vai ficar aí parado me olhando, ou o quê? — disse-me nervoso. — Sabe muito bem que não gosto de ser observado desse jeito.”

Saí do seu ângulo de visão e adentrei ainda mais na floresta, deixei meus instintos aflorarem e logo senti o cheiro de um animal, um cervo. Andei furtivamente na esperança de que ele não me notasse, eu estava bem perto, logo o vi, era um macho jovem, avancei depressa, o animal nem percebeu o que lhe atacou. Emmet apareceu como para dar o troco da minha observação, ficou me olhando. Não liguei para ele e continuei a me alimentar, logo ele desistiu.

— Edward, o que há com você? — senti a preocupação de Emmet, gosto de caçar com ele, pois geralmente fala o que pensa.

— Nada. — respondi fingindo não ter entendido a natureza da pergunta eu estava evidente na sua mente.

— Como nada? Você está aí suspirando, pensa que eu não percebi? Desde ontem você está assim, desse jeito você não vai se alimentar como deve. Quer confundir a Bella com um suculento cervo numa noite dessas? — disse reticente — É melhor se cuidar.

Não gostei do que Emmet me disse, mas ele estava certo. Não pude respondê-lo pois corri ao perceber a presença de um urso e o ataquei com voracidade, eu realmente precisava me alimentar bem e faria isso. Seria mais um dia longo...

Em poucas horas me alimentei tanto quanto todo o dia de ontem. O dia ainda não estava no fim, ainda poderia ver o sol com Bella. Voltamos, Carlisle ficou na floresta, iria esperar Esme e Alice. Eu, Emmet, Jasper  e Rosalie fomos para casa. Vi o bilhete de Bella e resolvi encontrá-la na cidade, liguei para o seu celular, mas estava mudo.

— Não me diga que você vai atrás dela — disse Jasper já sentindo a minha tensão.

— Edward, Bella não é nenhum bebê, apesar de ser tão frágil quanto um — Emmet emendou— logo ela estará de volta. Se fosse acontecer algo Alice já teria os avisado — sorriu.

Não dei-lhes atenção e peguei a chave do volvo.

Rosalie saiu de seu banho e logo me encarava.

— Vai sair no sol? — perguntou com ironia apontando para a claridade — você nem vai poder sair do carro para procurá-la... Acho que Bella vai ter que esperar que chova ou anoiteça, espero que até lá ela não tropece numa pedra e caia de cabeça — sorriu enquanto subia ao seu quarto languidamente.

Não me irritei com Rosalie como deveria, percebi Jasper agindo, me libertei dos seus efeitos e saí. As palavras maldosas de Rosalie me fizeram se preocupar com o que poderia estar acontecendo, queria vê-la rápido, ao chegar a Forks passei por cada rua, sondei cada mente e nada, resolvi ir à loja dos Newtons, mas estava fechada, percebi as tintas e a fachada, e uma pequena placa de “fechado para almoço” na porta.

Continuei percorrendo a cidade, fui à casa de Charlie e nada vi, ele não tinha visto a filha hoje, se bem que fiquei surpreso ao ver em suas lembranças Alice almoçando com ele e Bella. Alice mastigava a massa tentando mostrar que estava boa, sorri, foi um dia e tanto para ela. Fui próximo a reserva dos Quileutes, não ultrapacei a fronteira, mas pude perceber que Bella não estava lá. Billy Black estava dormindo. O Sol foi embora, as nuvens voltaram, o dia estava no fim.  Voltei para casa, e para o meu alívio vi o carro de Bella. Em mais de cem anos de vida, nunca havia sido tão infantil, sorri com a minha idiotice.

 

Outono no Alaska – Perspectiva de Edward
Estou me preparando desde que fiz aquela promessa à Bella, mas como cumpri-la? Como acabar com a vida de quem a gente mais ama? Como tirar a vida humana, quente e dar-lhe a frieza sem vida?

Decidimos ir a Universidade de Juneau no Alaska, Carlisle já conversou com Tânia, Bella passaria alguns dias lá após a sua transformação. No que me for possível tentarei a todo custo fazer com que este dia demore mais e mais para chegar. Gostaria tanto que Bella se formasse antes, que pudesse voltar a ver sua família, quem sabe não mudaria de idéia e quisesse ser humana para sempre. Ela é tão jovem, não conhece nada, às vezes penso que esse seu amor desenfreado por mim não passa de deslumbramento e que um dia pode morrer.  Mas sou um egoísta, tento fazer o melhor para ela, mas não consigo, minha vida se perde sem a sua presença. A única mente que para mim é um mistério se mostrou a mais poderosa de todas, ela consegue me dobrar, Bella é como uma droga poderosa da qual dependo fielmente e que sem ela a minha existência se torna inútil.

Percebi as saídas freqüentes de Alice, ela sempre carregava a Bella, compravam roupas de frio, Alice estava certa do futuro dela e isso me entristecia, pois era sinal de que Bella estava mesmo decidida. Eu teria que ceder a minha promessa...

O verão estava no fim, o outono já começava a dar o ar de sua presença, os ventos freqüentes arrancavam as folhas das árvores deixando as ruas em tons marrons e amarelos. Já muita coisa na minha longa vida, mas gostava de ver Forks no outono. Carlisle comprou as passagens da Alaska Airlines, iríamos para o aeroporto internacional de Juneau.

Começamos a organizar as nossas coisas, fomos visitar Charlie para nos despedirmos, ele estava pesaroso, eu podia ver o seu rancor. Ele me culpava por tirar Bella dele.

— Vão voltar nas férias? — perguntou ele me encarando.

— Pai, não podemos garantir, sabe o quanto o Alaska é distante. — respondeu Bella sem olhar nos olhos de Charlie.

— Sua mãe vai ficar com saudades. — disse omitindo que era ele que se sentia assim.

— Também vou sentir saudades de Renée — disse Bella se aproximando dele, o abraçando. — e principalmente de você Charlie. — vi lágrimas nos olhos de Bella e de Charlie. Eu estava separando os dois.

— Edward, cuide bem da minha filha — me disse num tom de aviso — quero que ela me dê notícias sempre que puder e me ligue a cobrar se for necessário, eu não me importo.

— Senhor Swan, cuidarei de Bella, eu prometo. Não deixarei que ela tropece numa só pedra — disse fazendo Charlie sorrir, eu retribuí o sorriso e terminamos a nossa despedida com um aperto de mão, Charlie usava luvas e não percebeu a estranheza de minha temperatura.

Bella o abraçou mais uma vez antes de entrarmos no carro, passaríamos no hospital, Carlisle iria conosco até o aeroporto para trazer o carro.

Bella chorava copiosamente, tentei decifrar se esse choro, mas não consegui. Não gostava de vê-la chorar, eu queira consolá-la.

— Eu queria poder saber o que você pensa. — falei — quer desistir?

— Não! — ela me respondeu num soluço. — só estou triste pelo Charlie.

— Não se preocupe você virá visitá-lo. — falei decidido

— Como? Você mesmo me disse que depois que eu for transformada não poderei chegar perto de um humano por um bom tempo.

— Sabe que quero que curse pelo menos um semestre antes, vai poder visitar Charlie, depois cumpro a minha promessa. — lembrei-a da nossa negociação.

— Você sabe que estou decidida Edward, um semestre é tudo que eu posso esperar, lembre-se disso — Bella me encarou séria, já enxugando as lágrimas.

Paramos no hospital e pegamos Carlisle, ele assumiu a direção. Esme e Alice estavam com ele.

Ao chegarmos ao aeroporto a despedida foi rápida, Esme, pela primeira vez, abraçava Bella sem cerimônia.

—Gosto muito de você Bella. Saiba que te considero como uma filha mande-nos notícias. — falou ela com uma voz baixa, embargada.

— Fico feliz por você gostar de mim — respondeu Bella emocionada.

 Carlisle fizera o mesmo e abraçou Bella com carinho. Alice garantiu que Bella realmente poderia voltar a Forks mais uma vez antes de se transformar, desde que não acontecesse nada que mudasse isso.

— Algo no futuro no Alaska está obscuro, como um grande vazio, fique atento Edward. — me revelou Alice sussurrando ao me abraçar sem que Bella ouvisse.

Apenas acenei com a cabeça.

Esme e Carlisle trocaram olhares comigo, ouvi em suas mentes o quanto estavam preocupados.

Por um instante pensei em desistir, mas não poderia fazer isso com Bella, Alice não viu nada de ruim, o que já era bom.

Levamos nossa bagagem ao check-in, logo ouvimos o anúncio do nosso vôo, seriam um pouco mais de duas horas de viagem. Bella apertou a minha mão, fomos a sala de embarque, nos sentamos próximos a entrada de embarque, Bella se aconchegou no meu ombro e deu um grande suspiro.

— Como se sente — lhe perguntei tentando mais uma vez decifrar seus sentimentos.

— Bem. — sorriu— só estou preocupada com as aulas. Não sei se vou gostar da universidade — me confessou com uma ruga de preocupação

— Fique tranqüila — sorri — essa vai ser uma experiência e tanto, sei que você vai gostar. — beijei-lhe na cabeça.

—Só espero que você cumpra com a sua promessa. — lembrou-me mais uma vez.

— Lhe dou a minha palavra — respondi a contra gosto.

Depois de mais alguns minutos embarcamos, o sol estava prestes a se por, o tempo nublado me poupou de ser atingido pelos seus raios, fechei a Janela ao lado de Bella que dormiu na maior parte do vôo, despedidas a deixavam exausta.

Apesar de a viagem ser rápida, pelo fuso horário do Alaska, chegaríamos de madrugada. Iríamos ficar numa pousada não muito longe da universidade. Nossas aulas começariam em alguns dias.

Uma coisa me ocorreu enquanto olhava Bella dormir tranquilamente. Em seis meses ela não mais sonharia, nunca mais.

 

Alaska
Vi-me envolta em por uma floresta, eu caminhava por ela facilmente, uma pequena camada de neve tomava conta do lugar, mas não me incomodei com ela, o frio não me atingia, senti um cheiro diferente, segui o odor, minha respiração se tornou rápida. Almíscar, reconheci o cheiro. Corri muito rápido, ao chegar numa pequena clareira, fui parada abruptamente, alguém agarrara o meu pulso, era Edward. Ele me olhava com muita tristeza, ao fitá-lo, ele desviou o olhar com mágoa e me soltou. Olhei para a clareira e um lamento saiu da minha garganta ao ver uma armadilha de urso e um par de olhos negros e selvagens, ele me reconheceu...

Acordei assustada com o barulho do trem de pouso, estávamos pousando, Edward me olhava com curiosidade.

— Pesadelos? — perguntou enquanto arrumava meu cabelo atrás da orelha.

— Hum? — fitei-o perdida, por alguns segundos tinha me esquecido de onde estava, reparei que estávamos pousando — é uma escala? — perguntei vendo as marcas de meu sono na blusa de Edward.

— Bella, já estamos no Alaska. — sorriu — venha, vamos. — segurou a minha mão gentilmente, me ajudando a levantar.

Desembarcamos e fiquei maravilhada, apesar de já ser noite, com todo aquele espaço aberto, tremi, um frio intenso invadia tudo, retirei mais um agasalho da minha velha mochila, Edward me ajudou a vesti-lo.

Um carro nos aguardava, um motorista segurava uma plaquinha com o nome Cullen, Carlisle havia reservado um carro para nos levar ao hotel próximo da Universidade.

Ao chegarmos lá me deparei com um lugar lindo, era um hotel de duas estrelas chamado Grandma's Feather Bed, sua fachada lembrava uma grande cabana, ao entrarmos, reparei nos tons de branco e rosa da área de recepção.

Edward pegou as chaves do nosso quarto, reparei bem o quanto a recepcionista, uma velha senhora, olhava alternadamente para mim e Edward, devia achar estranho um casal tão novo resolver passar as férias num lugar como aquele, se bem que o início das aulas seria em duas semanas, adiantamos a viagem, pois queria me adaptar e quem sabe convencer Edward e me transformar mais cedo.

Subimos ao nosso quarto, era um dos melhores do Hotel, era amplo. Em frente a uma bela cama de madeira entalhada havia uma grande lareira. Reparei no papel de parede e nas duas banheiras do lado de fora do banheiro em frente a uma grande TV. Imaginei que as pessoas deviam gostar de se aquecer nas águas quentes enquanto se deleitam com um bom programa de TV. Edward sorriu.

— Com todo esse frio como alguém poderia pensar em ficar de molho numa banheira no meio do quarto? — perguntei admirada.

— Coisas do Alaska — me respondeu dando uma piscadela.

Eu batia o queixo, o sistema de aquecimento estava desligado, Edward ligou para a recepção e logo um funcionário subiu ao quarto para acender a lareira, esse era o sistema de aquecimento mais próximo, pois o sistema de aquecimento central estava passando por manutenções.  E o hotel não possuía aquecedores elétricos suficientes para todos os quartos. Suspirei aliviada ao lembrar que ainda estávamos no início do outono, eu não morreria congelada.

Sentei na cama esperando que o rapaz terminasse o seu trabalho, ele nos olhou e com um belo sorriso nos desejou uma boa estadia. Edward lhe deu uma boa gorjeta com uma cara não muito amigável, mas pelos olhos brilhantes do funcionário, seríamos muito bem tratados.

— O que foi? — perguntei — viu algo naquele rapaz?

— Não gostei dele, pensa coisas demais. — disse com raiva — não parava de pensar em você, por exemplo. Acho que teremos um problema, o Alaska é como Froks e você será a novidade por aqui até que comecem as aulas.

— E os demais estudantes? — perguntei — Haverá outras pessoas, outras moças...

— Não neste hotel — sorriu — Bella, já disse que você ainda não se vê como é.

Fiquei corada, mesmo com todo aquele frio que começava se abrandar com as chamas da lareira.

Comecei a arrumar nossas malas, não eram poucas, graças a Alice eu não teria problemas com roupas de frio, Edward também trouxera muitas malas, se bem que ele não sente frio, mas precisava manter as aparências. Olhei pelo vidro da janela e fiquei preocupada ao ver o céu limpo, e se o sol aparecesse de manhã? Mas logo me tranqüilizei ao lembrar que Juneau é tão chuvosa e nublada quanto Forks, um dia de sol aqui é raríssimo, bem diferente de outras regiões do Alaska, não é a toa que a escolhemos como lar provisório.  Eu não mais me importava com a ausência de sol, pois Edward era a minha essência, sua companhia me fazia esquecer-me tudo... Bocejei longamente, ao terminar de arrumar tudo. Edward me ajudara e não demoramos.

— Bella, você precisa dormir, amanhã teremos um longo dia — disse Edward enquanto pegava os grandes cobertores do armário.

Troquei de roupas a contragosto, fiquei com vontade de cair na cama como estava, frio mesmo com o calor da grande lareira continuava intenso, estava pronta, deitei na cama e Edward me cobriu com as diversas camadas de cobertores, logo estava aquecida, ele deitou ao meu lado por cima das cobertas, me alinhando em seus braços, dei-lhe um beijo longo, ele me olhava com desejo, mas se conteve.

— Hoje não. — balançou a cabeça sorrindo — sei o quanto está frio para você. Amanhã tomarei providências quanto a esse sistema de aquecimento. — olhou para a lareira — vou providenciar um aquecedor elétrico só para nós, caso eles ainda não tenham concertado o sistema central.

— Não queria essas cobertas entre nós — reclamei ressentida — mal sinto você ao meu lado.— lamentei.

Edward sorriu e me acariciou, tremi com o contato, mas não foi de frio, não totalmente, Edward sempre tivera esse efeito sobre mim.

— Vê, está muito frio. — disse ele parando de repente. — olhou para as banheiras e lamentou o sistema de aquecimento estar com defeito, percebi a idéia que ele teve.

— Será que vai dar certo? — perguntei curiosa.

— Se o seu corpo me deixa mais aquecido, uma fonte externa de calor fará o mesmo — seu sorriso aumentou. — amanhã farei o teste. Agora durma Bella. — disse fechando os meus olhos com um beijo leve...

Hotel – perspectiva de Edward
Tânia nos indicou este lugar, confesso que gostei do ambiente, apesar de ser um tanto simples, o interior era aconchegante, percebi que Bella gostou do nosso quarto, só aquele par de banheiras bem no meio dele em frente a uma tevê me pareceu estranho. O sistema de aquecimento estava com problemas, só tínhamos a lareira que foi acesa por um rapaz que me deram nos nervos, seus pensamentos sobre nós me fez ficar com vontade de expulsá-lo de lá.

Enquanto ele acendia a lareira sua mente passeava pelo corpo de Bella, olheio com repulsa e lhe dispensei com uma gorjeta bem gorda.

Ao arrumarmos as malas percebi que Bella estava exausta ela não parava de bocejar, a cobri com os grandes cobertores, tentei poupá-la do frio e resolvi evitar o contato direto, mas isso a deixou triste. Passei a noite ao seu lado vendo-a dormir, seu sono, como sempre era repleto de palavras. No Avião a ouvi dizer a palavra não, ao questioná-la ela simplesmente mudou de assunto, resolvi não insistir. Mas hoje em dia percebo que seus sonhos se tornaram mais freqüentes, às vezes acho que ela sempre tem pesadelos por vê-la se agitar e fazer expressões pesadas. Eu queria realmente poder ver os seus sonhos.

Esperei amanhecer, escrevi um bilhete para Bella e fui pessoalmente à recepção, queria olhar nos olhos da recepcionista, geralmente era mais fácil obter favores.

— Bom dia. — preciso de uma informação. — disse com um largo sorriso.

A recepcionista deu um suspiro que fingi ignorar.

— Bo-bom dia. — gaguejou — em que posso ajudá-lo senhor...

— Edward. — completei. — preciso saber sobre o sistema de aquecimento, minha esposa têm sérios problemas com o frio. — ao ouvir a palavra esposa percebi as feições da recepcionista mudarem.

— Os técnicos estão cuidando disso, disseram que no fim da tarde tudo estaria funcionando— consultou um caderninho para ter certeza.

— Obrigado, e a propósito — cheguei mais perto do balcão, deixando a moça com mais suspiros— preciso de um café da manhã completo para o quarto 14.

— S-sim. Mandarei providenciar imediatamente. — disse anotando as minhas preferências.

Saí do hotel e não precisei andar muito, logo estava próximo a um pequeno comércio. Por enquanto estava a pé, o volvo só chegaria amanhã na barca, avistei uma loja de artigos elétricos e comprei um aquecedor.

Ao voltar para o hotel reparei no sorriso da recepcionista e subi ao meu quarto, Bella já estava acordada, tomava o café da manhã tranquilamente. Sorriu ao me ver e me recepcionou com um beijo longo, tomei o máximo de cuidado que pude, sem que precisasse afastá-la. Sei o quanto ela se magoa quando a refreio. Logo precisaria redobrar meus cuidados, pois em breve a fome começaria a tomar conta de meu corpo. Logo teria que caçar.

— O que é isso? — perguntou Bella ao ver o grande pacote.

— Algo para te manter aquecida. — respondi enquanto retirava o aquecedor da embalagem.

— Mas a moça que trouxe o café disse que...

— Eu sei. — interrompi com carinho — mas não posso esperar o dia todo, quero este quarto o mais quente possível, se puder com o clima da Flórida — brinquei.

Bella deu um grande sorriso.

— Daremos um grande prejuízo elétrico ao hotel — sorriu se abaixando curiosa para me ver instalando o aparelho.

Em pouco tempo nosso quarto era provavelmente o lugar mais quente do estado...

***

Banheira

Eu e Edward tivemos um dia maravilhoso, nosso quarto estava quente, ficamos tranquilamente deitados na cama, sem cobertas que nos impedisse de ter algum contato, o frio de seu corpo não mais me fazia tremer de frio, mas de prazer. Ligaram-nos da recepção para avisar do concerto do sistema de aquecimento, a água quente estava liberada, eu não via a hora de tomar um bom banho. Edward sorriu e logo estava mexendo nas banheiras, ligando as torneiras de água quente. Colocaria a sua idéia em prática. Em pouco tempo ele estava dentro d’água, com os olhos fechados sem se importar com a água extremamente quente. Fiz o mesmo e usei a banheira ao lado, pena não podermos compartilhar a mesma banheira, pois aquelas eram comuns e pequenas.

Logo cochilei na água, totalmente relaxada. Mas não demorou muito e logo saí, minha pele começara a ficar enrugada com o excesso de tempo dentro d’água. Edward continuava na banheira.  Vesti-me e o fiquei observando da cama. Acabei pegando no sono.

Senti-o ao meu lado, seus beijos estavam diferentes, percebi a temperatura levemente morna, Edward estava aquecido, me virei e o abracei forte, seus beijos estavam ofegantes, seu hálito delicioso soprava em meu rosto. Seus beijos desesperados pareciam desprovidos do cuidado permanente, eu retribui suas carícias com ímpeto, Edward ofegou ao senti o quanto eu o desejava e com um abraço chegamos ao êxtase, o momento em que Edward era tão humano quanto eu...

Visita de Tânia
O Celular tocava insistentemente me fazendo acordar, Edward o atendeu, era Alice que em suas palavras fez com que Edward fizesse uma expressão dura.

— Você tem certeza do que viu — perguntou Edward preocupado. —quando? Hoje! Eu sei, eu sei. Foi uma decisão de última hora — andou pelo quarto agitado — E Irina? Então Tânia está só? Alice, por favor, me informe se ver algo novo. Claro que direi a ela. — disse mais algo que não ouvi e em seguida desligou o telefone.

—O que Alice viu? — perguntei preocupada.

— Viu que teremos uma visita em breve. — disse preocupado — Tânia quer conhecê-la.

Senti o ar faltar em meus pulmões, lembrei de respirar.

— Me...Me conhecer? — retornei a afirmação evidente como pergunta. Edward percebeu a minha preocupação.

— Não precisa temê-la Bella...

— Não a temo — o interrompi — só fico preocupada com o que ela poderá achar quando me conhecer.

— Eu deveria saber que o fator “família e amigos” lhe causam mais impacto que o perigo de morrer nas mãos de um vampiro. — balançou a cabeça dado um sorriso.

— Edward, não ria — pedi séria — só quero que ela me aceite...

— Quanto a isso não se preocupe, especial como você é, com certeza Tânia gostará de você.

— Quando ela virá.

— Em duas horas — revelou tranqüilo — assim que anoitecer.

Fiquei paralisada por alguns segundos, depois mecanicamente comecei a arrumar o nosso quarto que estava uma verdadeira bagunça, quase não deixávamos o quarto para que as camareiras pudessem dar um jeito.

Edward me acompanhava curioso e me perguntava se eu estava bem, eu apenas respondia um sim quase num tom monossilábico.

Assim que arrumei o quarto fui ao banheiro e tentei melhorar um pouco a minha aparência, em seguida procurei uma roupa de frio que não me deixasse com cara de boneco de neve. Quando finalmente parei, faltavam dez minutos para a chegada de Tânia.

Me sentei na cama e aguardei. Edward ficou ao meu lado. De repente ele se levantou calmamente e abriu a janela, estávamos no segundo andar... Uma bela mulher surgiu pela janela, seus cabelos eram loiros e caiam nos ombros em belos cachos, seu rosto, nunca tinha visto um rosto tão perfeito, sua altura era mediana, ela usava um agasalho que não fazia jus a sua beleza estrema. Ao fitá-la me senti pequena, simples, sem graça.

— Edward. — acenou com a cabeça e em seguida me olhou firmemente — Bella...finalmente a conheço.

Sorri para ela ainda reticente.

— Também queria te conhecer — respondi com cautela — Alice falou muito de todos vocês, de Irina, Kate e Eleazar —sorri ao percebi que fiz a minha lição de casa.

— Pelo visto já nos conhece a todos — respondeu Tânia com um sorriso — Alice é assim, ela adora descrever as pessoas, os fatos, pelo jeito ela gosta muito de você — me disse se aproximando para se sentar numa cadeira próxima a cama onde eu estava, olhei para Edward e ele parecia tranqüilo, me dando confiança.

— Também gosto muito de Alice. — respondi qualquer coisa para não ficar em silencio.

— Sabe Bella, quando soube por Esme que Edward finalmente havia encontrado alguém, realmente fiquei surpresa, ainda mais quando soube que você era uma simples human...  me desculpe — se interrompeu ao ver o olhar duro de Edward —mas realmente eu não acreditei, agora que a vejo cara a cara percebo que você possui algo fora do comum...

— Hum... — tentei continuar a ouvi-la sem interrompê-la com um monte de perguntas.

— Primeiramente não sinto o cheiro de medo em você, o que é extremamente raro em humanos, bem, o medo é natural, mesmo sem saberem da nossa condição, geralmente as pessoas nos temem — abriu um sorriso brilhante. — mas você, nada sente, estou curiosa...

— Bella confia em mim. — interrompeu Edward — por isso ela não a teme.

Tânia o olhou com um misto de raiva e ternura, deu um suspiro e continuou

— O que quero dizer é que estou curiosa para saber mais sobre você. O resto da família está bem curiosa também, principalmente Irina.

Irina, eu bem sabia do tipo de curiosidade que ela poderia ter, Irina se apaixonou por Laurent que acabou morrendo nas garras dos lobos ao tentar me matar. Jacob, Sam e os outros se encarregaram de acabar com ele. Irina ficou tão chateada que fez com que a família se recusasse a ajudar os Cullens a enfrentar os vampiros de Victória. Acho que Irina torcia para que Victória acabasse comigo.

— Tânia, em breve iremos visitá-los, eu e Bella pretendemos passar alguns dias por lá. — disse Edward se sentando na cama ao meu lado para segurar minha mão — precisaremos ensinar a Bella algumas coisas relacionadas ao controle. — disse a contragosto, senti o aperto em minha mão e tremi com a confirmação de minha transformação. Tânia me olhou com surpresa, ela entendeu bem o que Edward queria dizer.

— Quando pretende nos visitar? — Tânia olhou para mim e depois para Edward.

— No semestre que vem, depois do verão. — disse enfático.

— Vou aguardá-los ansiosa — respondeu abrindo outro sorriso. — Mas até lá, espero que vocês aproveitem bem os estudos, Juneau é uma universidade cheia de surpresas agradáveis — comentou num sorriso — pergunte para Edward, essa é a terceira vez que ele estuda aqui.

Olhei para ela surpresa. Não imaginava que Edward já tinha feito tantas faculdades, me senti crua de repente, pouco culta.

— Tânia, você é muito bem vinda a nos visitar sempre que quiser, mas temo que a nossa conversa tenha terminado — disse Edward um pouco ríspido, me deixando ainda mais curiosa sobre as tais surpresas agradáveis.

— Realmente está ficando tarde, temo que Bella precise dormir — lamentou me fazendo sentir como um peso — quando quiser conversar, apareça lá em casa Edward — disse me excluindo totalmente.

— Daqui a seis meses, junto com Bella, como prometi — respondeu Edward com um sorriso cínico.

Tânia pareceu perder o sorriso, mas logo o recuperou.

— Estaremos esperando. — se virou para sair pela janela — Bella, realmente foi um prazer conhecê-la — disse e depois pulou da janela.

Fiquei realmente ciente de que Tânia não se importava nem um pouco comigo, principalmente agora que sanara a curiosidade e viu que eu era apenas uma garota comum, uma simples humana, fraca e frágil — dei um suspiro de alívio ao ver que ela foi embora.

— Não fique assim — Edward colocou o dedo de leve no contorno do meu rosto — Tânia adora ser sarcástica, mas não é má, jamais faria algo contra você.

— Sei disso — respondi — Me diga, por que não me contou que já havia estudado aqui?

— Por que não achei que fosse importante, além disse eu lhe contaria quando apresentasse a faculdade para você. — disse tentando decifrar as rugas na minha testa. — Mais alguma pergunta? — quase adivinhou.

— O que a Tânia quis dizer com surpresas agradáveis na faculdade? — perguntei num tom que eu mesma estranhei, acho que eu estava com ciúmes.

— Não quis dizer nada Bella — balançou os ombros — ela só a está tentando te provocar — sorriu tentando mentir.

— Edward, posso não ler mentes como você, mas leio rostos — disse com ironia — se você não me explicar, Alice um dia o fará. — disse com toda a certeza do mundo, não era difícil arrancar esse tipo de informação dela, era só concordar em aceitar ser sua cobaia de maquiagens.

— Estudamos juntos. — respondeu a contragosto e surpreso a minha reação de extrema normalidade.

— Bem que eu desconfiei, deve ter sido muito difícil para ela estudar quatro anos inteiros com alguém que nunca lhe deu a mínima — sorri enquanto ele avançava para me roubar um beijo, encerrando a nossa conversa.

 

 

Faculdade
Finalmente o inicio das aulas, eu e Edward escolhemos a mesma grade: humanas, fazíamos as aulas sempre juntos.

No primeiro dia eu mal respirava ao ver uma verdadeira confusão de universitários, além de muita correria e gritaria: dia de trote. Eu e Edward quase fomos vitimas de uma pequena brincadeira dada pelos veteranos, mas fomos esquecidos como num passe de mágica, Edward teve uma boa conversa com um dos veteranos e percebi que este fez uma cara de espanto ao ver as notas que Edward lhe oferecera para que ele e os demais simplesmente não nos vissem como calouros.

No início foi difícil perceber todos aqueles olhares em cima de Edward, sua beleza excepcional ainda me tirava o fôlego, e atraia olhares que variavam de cobiça ao de espanto aos saberem da nossa condição de casados. Felizmente logo todos se acostumaram com a presença arrebatadora de Edward.

O volvo foi enviado por Carlisle, íamos às aulas de carro. Alice sempre nos ligava para informar algumas novidades sobre o clima, em um mês inteiro tivemos apenas uma tarde de sol, em que inventei uma gripe forte para a nossa ausência, sempre fui boa aluna na escola, mas neste caso não pensava duas vezes em me ausentar quando Edward não podia ir.

Fizemos algumas amizades: Jennifer, do Colorado, e Joseph de Kentucky foram os que mais se aproximaram de nós. Jennifer era uma garota excepcionalmente inteligente, de estatura baixa, cabelos castanhos e curtos, era do tipo intelectual, ela fazia aulas de comunicação conosco, e logo de cara gostou de mim, ela era como eu, não gostava de falar muito, e Joseph, que parecia mais um atleta, alto de cabelos e olhos negros fazia as aulas de ciências sociais, Joseph com sua simpatia não demorou a superar a muralha gelada de Edward, que via nele alguém para distração. Jennifer não ousava trocar muitas conversas com Edward, a não ser que fosse sobre as matérias e trabalhos em grupos.

Caça

Edward saía semanalmente para caçar, eu lamentava profundamente a sua ausência, mas ele ainda se recusava a me levar com ele.

— Bella, já conversamos sobre isso... — disse tentando manter o tom calmo, apesar de estar mal-humorado — não posso levá-la, entenda — segurou os meus ombros me olhando fixamente, vi o quanto seus olhos estavam negros.

— Confio em você, sei que não vai perder o controle — tentei argumentar — não quero ficar longe de você — lamentei com os olhos cheios de lágrimas.

— Você sabe o quanto me dói fazer isso? — perguntou fechando os olhos — Não torne as coisas mais difíceis Bella, prometo que amanhã bem cedo estarei de volta.

— Como é? — perguntei

— O que? — retornou

— A fome, qual é a sensação? — perguntei curiosa.

— Como você se sente quando está faminta Bella? — me perguntou.

— Isso depende do tamanho da fome — disse balançando os ombros.

— Pois bem, a minha fome é quase igual a sua, mas a dor é bem maior, pois também é uma sede, algo que deixa a boca seca e me tira aos poucos o controle, essa dor fica me acompanhando o tempo todo, me deixando irritado, deixo de ver as pessoas como são e passo a vê-las como simples caças. Se eu passar muito tempo sem me alimentar posso perder o controle— se lamentou.

— Sei disso — olhei para o chão me lamentando intimamente pelo meu egoísmo desenfreado, nos abraçamos, foi um abraço que durou minutos, um beijo sôfrego e cuidadoso em demasia me fez entender o quanto Edward precisava se alimentar.

— Levarei o celular — disse pegando o telefone prateado — basta apenas uma chamada vinda de você que voltarei correndo, literalmente. — sorriu. — Deixarei o Volvo com você, não vou precisar dele.

— Então você não vai muito longe — afirmei convicta.

— Não muito para mim, mas para você seriam algumas boas horas de caminhada. — disse enquanto arrumava uma mochila com alguns pertences, reparei nas blusas de frio, logo soube que poderia esfriar e Edward deveria manter as aparências.

— E de carro, quanto tempo demoraria? — perguntei só de curiosidade.

—Vê aquelas pequenas montanhas ao sul? — apontou pela janela do quarto — íngreme demais para ir de carro — afirmou sorridente.

Suspirei, mais uma batalha perdida. Edward acariciou o meu rosto e com mais um beijo se despediu, sumindo da minha frente, tamanha era a velocidade, tomou a floresta da montanha em minutos.

***

Desagrado
Decidi que não ficaria todo o fim de semana trancafiada no quarto, peguei o volvo e fui conhecer a cidade, Juneau, como uma boa cidade do Alaska possuía o seu charme, o local era muito plano, as ruas organizadas, havia algumas pequenas lojas, passeei por todas elas, me familiarizando com tudo, no final da tarde para a minha alegria encontrei uma bela livraria, pude escolher diversos livros de literatura e inglês.

Alguns estudantes estavam conversando alegremente, logo pude capturar alguns fragmentos da conversa.

— Cara, você não vai acreditar, estávamos caminhando na floresta no pé da montanha e vi um urso! — exaltou-se na voz, chamando a atenção de outras pessoas.

Resolvi me aproximar para ouvir mais, para isso fingi olhar alguns livros próximos a eles.

— Mas eles não costumam chegar tão perto — o outro afirmou.

— Mas este chegou e ainda por cima andava em duas patas! Eu estava com a Elizabeth, aquela garota do último ano — deu uma piscada — Estávamos caminhando quando um vulto atravessou a nossa frente, Elizabeth deu um grito, eu não pude ver direito, só percebi que era grande e com uma cor diferente, ruivo, sei lá — exaltou —Mandei que fosse embora, aquela coisa de louco que a gente faz para mostrar que tem coragem, quando na verdade estamos tremendo na base — não pude deixar de sorrir ao ouvir isso —  mas parecia que ele entendia o que eu dizia. Pois parou ao longe e me encarava, como quem quisesse dizer “Vou quando quero” depois se foi.

— Que loucura, será que você não estava sonhando, ou coisa assim? Olha que a Elizabeth acaba com a estrutura de qualquer um — debochou.

— Ah cara, eu não sei, mas conversei com o chefe da polícia e ele disse que ia colocar umas armadilhas próximas a cidade...

Afastei-me ao ver que a conversa terminara ali ao serem interrompidos por uma vendedora atenciosa.

Fiquei preocupada ao ouvir a palavra armadilha Edward estava nesta floresta e podia ser pego por uma, pensei em avisá-lo, mas lembrei que bastava um toque meu para ele voltar correndo, não, eu não faria isso. Resolvi ligar para Alice.

— Alice?

— Bella! Que bom que você ligou! — percebi a alegria em sua voz.

— Alice, me diga, você viu algo diferente? O tipo de coisa que envolvesse uma armadilha de ursos, por exemplo.

— Edward foi caçar e você está preocupada — afirmou com um sorriso na voz.

— S-sim — confessei envergonhada.

— Não vejo nada Bella.

— Então está tudo bem — disse aliviada.

— Bem não é o termo certo — me disse com um fio de voz — Bella eu simplesmente não vejo nada, não consigo saber o que vai acontecer com Edward, é como... — ela parou — é como naquele dia em que nos unimos aos lobos contra Victória.

Estanquei quase perdendo os sentidos, segurei o telefone de maneira firme, minha respiração entrecortada. Não pude deixar de pensar em Jacob, mas logo desisti deste pensamento, só tinham dois caminhos para Juneau: barco ou avião. Jacob não viria em nenhum dos dois.

— Bella, Bella? Você ainda está aí? — me perguntou aflita — sei que você não quer interromper Edward, eu mesma ligarei para ele. Não faça nada precipitado — encerramos a conversa.

 

Voltei ao hotel, minha cabeça estava cheia de preocupações, mesmo sabendo ser impossível, liguei para Seth para saber de Jacob.

— Bella? Tenho notícias de Jacob! — disse sério, reparei que sua voz estava mudada, mais firme e grave.

— Ah que bom Seth! — me alegrei — como ele está? Ele voltou para casa?

— Acho que ele se acalmou finalmente — me disse num tom sério — não estamos conseguindo ver o que ele vê, ele voltou a forma humana. — afirmou.

— Mas vocês sabem onde ele está? — perguntei preocupada.

— Da ultima vez vimos que ele corria por uma floresta muito fria, com uma mata baixa próxima a um grande campo plano, pude ver um grande avião voando baixo, Jacob não gostou do barulho. Depois disso não vi mais nada.

— Seth, Jacob continua no Canadá? — perguntei esperando a resposta negativa.

— Não sei, mas ele atravessou um mar gelado, temo que ele esteja indo para o extremo norte. — se lamentou.

— Esse extremo norte poderia incluir o Alaska? — tentei me enganar.

— Talvez, mas Bella, sempre fui péssimo em geografia. Ainda é cedo, mas ao anoitecer falarei com Sam, mesmo ele não aprovando que eu te dê notícias de Jacob, ele não tem como esconder nada de mim. — deu uma risada.

— Tornarei a ligar amanhã nesta mesma hora. — afirmei preocupada — qualquer coisa não hesite em me ligar, pode ligar a cobrar.

— Farei isso. Ah Bella... — parou, ouvindo alguém ao seu lado — Diz para o Edward que Billy pediu para que ele ligasse.

Estranhei totalmente este pedido, Billy apesar de grato ao Carlisle por ter ajudado Jacob quando estava ferido, nunca aceitou bem a presença de Edward, para ele, Edward era a causa de tudo em nossas vidas, inclusive da fuga de seu filho.

— Vou avisá-lo Seth. Ah, diga-lhe que mandei lembranças.

Desliguei o telefone e me senti extremamente preocupada, pensava em Edward, sem futuro definido na visão de Alice e a possibilidade dele se envolver com lobos, não só com lobos, mas com um em especial: Jacob.

A noite chegou e logo se foi, consegui dormir, apesar de me sentir extremamente só. Ao acordar percebi uma claridade fora do normal: Sol, um sol forte, branco num céu límpido. Mordi o lábio. Apesar de adorar o sol, eu sabia que Edward não voltaria por enquanto.

Ouvi um toque baixo e insistente, corri para atender ao celular. Era Edward.

— Edward! Você está bem! — disse antes que ele falasse qualquer coisa.

— Estou bem Bella, Alice me ligou, disse da ausência de visão. Não se preocupe, tomarei cuidado.

— Não venha ainda. Juneau está banhada de sol — alertei-o.

— Posso ver o céu limpo daqui da floresta Bella. — comentou num sorriso.

— Sinto a sua falta — mordi o lábio segurando o choro que teimava em vir.

— Eu também Bella. — ouvi seu suspiro. — eu queria estar aí ao seu lado, acalentando essas lágrimas que bem sei que teimam em cair.

Prendi a respiração, a emoção queria explodir. Apenas ouvi suas palavras.

— Bella, assim que o sol se for, estarei de volta. Não se esqueça de se alimentar, tome um bom café da manhã — disse com o cuidado de sempre. — quero te ver bem e forte.

—Farei isso — prometi — e você prometa que evitará armadilhas de ursos. — exigi — ouvi alunos dizerem que a polícia espalhou armadilhas na floresta próxima a Juneau.

— Não se preocupe, mesmo que eu caia em uma, não vou me machucar. — disse convencido.

— Mesmo assim me prometa! —disse séria.

— Tudo bem — suspirou — eu prometo Bella. — encerramos a ligação com mais algumas juras de amor.

Fiquei inquieta, pedi meu café da manhã e simplesmente eu o devorei, de cinco em cinco minutos olhava pela janela para me deparar com o sol insistente. Desejei ardentemente algumas nuvens.

 

Desagrado - perspectiva de Edward
A noite foi longa e este dia ensolarado promete ser ainda mais longo, não podia voltar a cidade, me arrependi amargamente não ter trazido o volvo, com ele eu poderia chegar até a garagem do hotel e ir calmamente para o meu quarto, agora tenho que ficar aqui, sem nada para fazer, me alimentei bem durante a madrugada, me deparei com dois ursos pardos, não muito comuns nesta época do ano. Caminhei rapidamente a fim de explorar a floresta, , queria que o tempo passasse mais depressa, cheguei a parte alta, cercada por neve, no interior escuro senti um odor característico, cheiro de lobo e sangue, redobrei o cuidado ao me lembrar da ausência de visão de Alice, logo encontrei uma clareira, avistei dois lobos comuns, eles ficaram ferozes ao me ver, recuei, não queria machucá-los, ouvi uma respiração fraca, humana, olhei para um monte de neve e percebi uma perna presa em algo escuro. Percebi que os lobos pareciam defendê-lo de mim. Espantei-os e me aproximei com cuidado, a visão que eu tive foi a mais desagradável possível. Vi um homem totalmente nu com uma estaca em seu abdômen e um dos pés presos numa armadilha, retirei a neve de cima dele e me detive ao ver quem era Jacob. O maldito veio atrás de Bella. A minha vontade foi de deixá-lo ali a própria sorte, mas algo não me deixou abandoná-lo, Bella, não queria deixá-la triste. Retirei a neve de cima do seu corpo, peguei os agasalhos que trouxe na mochila e joguei em cima dele. Reparei que os ferimentos da estaca e da armadilha estavam tentando cicatrizar em vão, os metais impediam a cura. Prendi a respiração.

Tentei ouvir seus pensamentos, mas o silêncio tomava conta de sua mente inconsciente. Um dos lobos ainda estava próximo e vi imagens eu sua mente, um lobo maior caiu numa armadilha, junto desta havia estacas de ferro, o lobo se feriu gravemente, depois ficou parado e sua carne mudou. Os lobos desde então não saíram do seu lado. Tentei ver a quanto tempo Jacob estava nesta situação, mas os lobos não têm noção de tempo, mas pela situação de Jacob, poderiam ser dias. Se fosse um simples humano já estaria morto.

Pensei em libertá-lo, mas temi feri-lo ainda mais, o machucado estava bem cicatrizado em volta dos metais, precisava retirá-lo com cuidado. O ferimento da perna estava ainda mais grave, a perna estava quebrada, o metal entrara no osso.

Tentei acordar Jacob em vão, ele estava num estado próximo ao coma. Quebrei as correntes da armadilha e a retirei cuidadosamente. Peguei a estaca e a puxei depressa, tomando cuidado para não piorar ainda mais seu ferimento. A ferida não cicatrizava, seu corpo estava quente, mas muito abaixo da temperatura normal. Tomei uma decisão da qual provavelmente me arrependeria.

— Bella? — disse em voz alta no celular, o sinal estava fraco, oscilando.

— Edward! O que aconteceu? — me perguntou preocupada.

— Venha até a fronteira da floresta da montanha, preciso do volvo. Ah e traga cobertores — lembrei.

— Mas... — Bella estava aflita.

— Somente venha está bem? — interrompi áspero — lhe explicarei depois.

— Farei isso. — disse triste.

Desliguei o celular, evitei dar-lhe a notícia.

 

Aflição

Nunca corri tanto em toda a minha vida, arrumei os cobertores numa grande sacola e desci para a garagem, mil coisas se passavam na minha cabeça. Um viajante perdido, um descontrole de Edward talvez. Fechei os olhos. Não queria pensar em mais nada, mas uma última imagem se passou pela minha cabeça: Jacob.

Dirigi como uma doida pela cidade, o volvo rosnava com a minha inexperiência em dirigi-lo, cheguei ao inicio da floresta, numa sobra próxima Edward me esperava.

Sua expressão estava pesada, ele pegou os cobertores, apenas me recomendou que o esperasse e sumiu na floresta. Fiquei chocada com tal atitude. Resolvi tentar segui-lo.

Andei por alguns minutos e logo estava perdida, tropecei no chão gelado e caí machucando a minha mão. Chorei de raiva, eu queria ser como Edward, poder correr rapidamente sem temer esbarrar em qualquer obstáculo.

Gritei por Edward, logo ele apareceu.

— Pedi que me esperasse — disse duro.

—Por que está agindo assim? O que está acontecendo de tão grave que eu não posso saber?

— Bella, é difícil para mim lhe falar agora... — disse numa voz triste.

— Você perdeu o controle? Achou algum turista desavisado — joguei com as palavras.

— Você sabe que não ataco pessoas. — disse ainda mais triste.

— E lobos? — joguei de novo. — Eles não são bem pessoas.

Edward me olhou espantado

— Alice me contou da ausência de visão — expliquei.

Edward ficou com uma expressão de dor.

— Não ataquei ninguém. — enfatizou — Venha, vou lhe mostrar. — disse me ajudando a subir em suas costas.

Edward corria como nunca, eu não conseguia distinguir nada, via apenas um emaranhado verde, logo chegamos a uma clareira e senti um dèjavu, Edward me colocou no chão e me levou até ao que mais temia: ver o corpo de Jacob.

— Não se iluda, ele ainda está vivo — me disse triste.

Edward havia colocado os cobertores sobre o corpo de Jacob, tentei levantar os cobertores, Edward me impediu.

— Ele não está muito descente, acho que ele não gostaria que você o visse assim. — disse cuidadoso.

— Como ele ficou neste estado? — perguntei triste.

— Foi pego por duas armadilhas — disse apontando para as mesmas, jazidas ao lado de Jacob— só está vivo graças aos lobos que o aqueceram.

Olhei ao redor e vi um lobo pequeno, comum, ele nos observava com cautela, outro lobo apareceu e se juntou a ele.

— Acho que o cheiro de cachorro de Jacob os atraiu. — disse Edward entre o deboche e a descrença.

— Precisamos tirá-lo daqui. — ignorei seu comentário — Ele precisa da nossa ajuda e logo. — vi o quanto a sua perna estava mal.

Não contive as lágrimas, me sentia mal por Jacob, pelo meu querido Jacob que fazia o meu coração doer ao vê-lo nesta situação. Abaixei-me próxima a ele e o toquei, ele não estava quente como de costume. Vi Edward virar o rosto, percebi o esforço que ele para agüentar tudo isso.

— Como o levaremos? — perguntei aflita — ele precisa de socorro.

— Vou carregá-lo até o carro — respondeu decidido indo em direção ao inconsciente Jacob — Fique aqui, mas dessa vez fique mesmo —enfatizou — logo voltarei para buscá-la — disse já com Jacob nos ombros.

Edward demorou algum tempo, fiquei ainda mais preocupada, quando eu estava prestes a sair de onde estava Edward apareceu.

— Bella! Estou aqui. — Venha, logo teremos mais nele. — apontou para o horizonte já escuro de nuvens, o dia já estava no fim.

Chegamos ao carro e ao entrarmos vi Jacob deitado espremido no banco de trás, sorte os vidros do volvo serem escuros, pensei aliviada, agora só tínhamos um problema, como levá-lo ao nosso quarto sem que chamasse a atenção dos funcionários do hotel.

— Teremos que entrar pela garagem — adivinhou as minhas preocupações — Até dormindo, esse monte de pêlos nos dá problemas — disse mal humorado.

Edward podia dizer o que fosse, mas eu sabia que ele jamais abandonaria Jacob.

Chegamos ao hotel e subimos dois andares pelas escadas, Edward carregou Jacob facilmente. Abri a porta, Edward entrou e colocou Jacob sobre a nossa cama. Ligamos o aquecedor

Peguei alguns curativos e tentei tratar dos ferimentos de Jacob, ultimamente estou superando o meu medo de sangue. Ao olhar os ferimentos reparei que eles estavam quase curados, até a respiração dele estava diferente, pesada.

Edward sentou na poltrona e ficou me observando.

— Logo ele vai acordar — disse sério. — é melhor se afastar, avisou me puxando.

Jacob num pulo abriu os olhos e saiu da cama, olhando em volta completamente perdido, ofegante.

— Onde diabos eu est... — parou ao me ver.

— Bella? Bella! — disse com alegria. — pensei que você já fosse uma sugadora de san... — se interrompeu ao ver Edward ao meu lado com um olhar raivoso. Jacob ainda estava nu. Ao perceber se cobriu com o cobertor.

— Jacob, todos da reserva estão preocupados. Há dias não te conseguem contatar. — eu disse com reserva.

— Não sei o que deu em mim. — se lamentou — na verdade eu nem me lembro de como vim parar aqui.

— Edward te encontrou na floresta. — informei cautelosa.

— Eu estava caçando quando senti o teu cheiro, e não, não matei os teus colchões de pêlos — respondeu Edward aos pensamentos de Jacob, se referindo aos lobos.

— Se não fosse por eles à esta hora eu estaria morto. E quanto aos meus colchões de pêlos, saiba que eles são meus amigos, mesmo sendo apenas lobos, quando me transformo consigo me comunicar com eles.

Fui ao guarda-roupa e peguei alguns agasalhos de Edward.

— Jacob, por favor, se vista. — pedi envergonhada com a aquela situação que ele se encontrava.

— Essas roupas são dele? — perguntou Jacob se referindo ao Edward que abriu um sorriso.

— Sim — respondi

— Não preciso delas, não vou usar as roupas dele, afinal não me serviriam. — fez uma careta e improvisou o cobertor como casaco, rasgando dois buracos para encaixar os braços. Jacob estava irritado, mas percebi que estava controlado.

— Jacob — insisti — por favor, colabore você não pode andar assim por aí.

— E quem disse que vou assim, vou como lobo. — caminhou para a janela, para em seguida cair sentado.

— Há quanto tempo não come? — Edward perguntou sério — está muito fraco, não vai conseguir se transformar. — enfatizou — eu sei e você sabe.

— Não quero ficar aqui. — se queixou me olhando tristemente — percebi que Jacob se sentia humilhado por Edward tê-lo salvado.

O ambiente ficou tenso.

Saí do quarto, não queria olhar na cara triste de ambos, Edward inseguro, Jacob humilhado. Deixei-os só e fui para a recepção, pedi um jantar caprichado para duas pessoas, com direito a tudo, carnes, massas e bebidas.

Só voltei ao quarto ao avistar funcionário com o carrinho da comida, mal o deixei entrar e o dispensei-o. Ao entrar, Edward estava na poltrona e Jacob no outro lado do quarto próximo da janela.  Ambos calados. Coloquei a bandeja sobre a cama. Jacob não resistiu a toda aquela comida, logo não sobrara mais nada.

Desagrado parte dois - perspectiva de Edward.

Eu já estava perdendo a paciência com aquele lobo quando Bella saiu do quarto, Jacob queria ir atrás, o impedi.

— Você não acha que é um pouco demais ir atrás de alguém enrolado num cobertor? — perguntei bloqueando a porta.

— Sai da frente sanguessuga. — me ofendeu.

Dei um suspiro, estava cheio daquele moleque, mas não iria brigar, não por Bella.

— Jacob, eu posso ver o quanto me odeia, mas preciso te pedir algo. Se você ama Bella tanto quanto eu, tente não deixá-la triste. — tentei ignorar os impropérios que saiam de seus pensamentos.

— O que você quer que eu faça? — disse num rosnado grotesco, o seu cheiro de cachorro invadindo o quarto, torci o nariz disfarçadamente.

— Tente não demonstrar o quanto deseja me matar. — sorri irônico — isso a deixa muito mal.

— Só isso? — perguntou curioso. — acho que não sei disfarçar esse sentimento. — abriu um sorriso ainda mais irônico que o meu. — mas vou tentar, por Bella. Terminamos nossa conversa ali, senti um cheiro diferente, os passos conhecidos ecoavam com uma grande bandeja, Bella passou por mim e a colocou sobre a cama. Vi o olhar de cachorro morto de fome de Jacob.

Quase entendimento
Jacob se alimentou depressa, comia com vontade, me sentei na pequena poltrona próxima a cama e o observei, Edward estava com o rosto duro, eu sei que Edward estava agüentando tudo por mim. Isso fazia me sentir péssima.

— Há quanto tempo você está no Alaska? – perguntei num fio de voz

— Não sei. Como lobo a minha perspectiva de tempo fica diferente. — respondeu entre uma garfada e outra.

Reparei um movimento de Edward, ele pegou um agasalho e saiu com um pequeno aviso: “Não demoro”.

Jacob sorriu ao ver Edward se ausentar, deu um suspiro e pareceu relaxar.

— Estava difícil comer sentindo cheiro de sanguessuga — sorriu irônico, mas perdeu o sorriso ao ver meu rosto duro.

— Bella... — olhou para meus olhos — sabe, eu pensei que seria tarde... que você já fosse uma sang.... — se interrompeu.

— Vou cursar um semestre na universidade primeiro. — respondi com convicção — depois serei transformada, Edward prefere assim.

— Que bom — disse Jacob com um sorriso — então terei seis meses para tentar...

— Tentar o quê? — perguntei já sabendo a resposta.

— Tentar te convencer a não ser como ele. — disse com uma careta.

— Já tomei a minha decisão e não vou voltar atrás. — disse com voz dura, vendo o rosto de Jacob se contorcer ferido por minhas palavras.

— Bella, por que quer ser como Edward? Será que vale a pena trocar tudo por uma vida como a dele, vendo de sangue? — Perguntou sincero. — Poxa Bella, como vai ser, você morre de medo de sangue... — sorriu

— Jacob, você é meu amigo, por favor, não tente insistir, eu já decidi, aceite, por favor. — falei com a maior calma que pude, mas me doeu ver o olhar de Jacob, ele estava com raiva da minha decisão e eu nada podia fazer quanto a isso, ele teria de aceitar. — além disso, superei o meu medo... Não me assusto mais com sangue — tentei mentir.

A porta se abriu e Edward apareceu com alguns pacotes, eram roupas, ele as jogou próximas ao Jacob que fechou a cara. Fiquei surpresa com o que Edward fez.

— O que é isso? — perguntou Jacob ao ver os pacotes.

— Roupas — respondeu Edward com um sorriso de escárnio.

— Já disse que não vou usar suas roupas. — disse Jacob com raiva.

— Não são minhas — Edward abriu um sorriso — são da loja. Vista-as. — Edward intimou — mas antes, tome um banho. — sorriu ao ver Jacob fechar a cara.

— Não preciso de você para nada sanguessuga, pegue essas roupas e as enfie... — se interrompeu ao ver meu olhar de reprovação.

— Jacob, se acalme, por favor, desculpe o Edward, ele não teve a intenção de te ofender. — tentei convencê-lo enquanto lançava um olhar mortal para Edward que perdeu o sorriso e lançou um olhar preocupado tentando decifrar o que eu estava pensando. — considere estas roupas como um presente de desculpas. — disse tirando-as das embalagens e as colocando de modo arrumado sobre a cama.

— Só vou aceitar essas roupas por você Bella. — Disse pegando as roupas e indo com elas para o banheiro. Suspirei aliviada por conseguir concertar a situação.

Edward estava quieto, olhou para mim de modo apreensivo. Eu lhe devolvi um olhar magoado

— Bella, me desculpe. Mas aquele cachorro me tirou do sério. — disse quebrando o nosso silêncio.

— Eu sei que a situação é difícil, mas tente agüentá-lo só um pouquinho — pedi com um sorriso manhoso.

— Estou tentando, você não faz idéia Bella do quanto estou agüentando, Jacob tem uma mente meio...fértil — tentou resumir — e você sabe o quanto me incomoda certos pensamento que ele costuma ter. — disse sério.

Acabei sorrindo com aquela expressão de ciúme, Edward não entendeu o porquê do meu sorriso, apenas sorriu de volta.

— Vê o que faz comigo, me faz agir como um adolescente de 17 anos. — disse me abraçando.

Ouvi a porta bater, Jacob terminara o banho e se vestira com as roupas que Edward comprara. Ele fechou a cara ao nos ver abraçados.

— Acho que preciso ir. — disse num fio de voz. — Obrigado por me salvarem. — disse olhando para Edward e em seguida virando o rosto com uma careta.

— Onde você vai ficar? — perguntei preocupada já vendo o olhar de reprovação de Edward.

— Na floresta. — respondeu convicto. — Já estou bem Bella, disse vendo o meu olhar preocupado, além disso, não quero ficar aqui, é difícil respirar com esse cheiro espalhado pelo hotel— sorriu com escárnio, ao ver o olhar duro de Edward. — mas ficarei por perto. — avisou.

— Cuidado com as armadilhas de urso pode ser que da próxima vez eu não esteja nas redondezas para salvar o seu couro, lobo. — disse Edward sério.

— Tomarei cuidado — respondeu Jacob saindo pela Janela. — E vê se você se cuida da Bella, enquanto eu não tiver perdido as esperanças ficarei no Alaska. — deu uma piscadela e pulou para fora.

Eu fiquei estática, estávamos no segundo andar, Jacob realmente estava curado.

Me perguntava se algum dia Edward e Jacob poderiam se dar bem, mas sei que é difícil para ambos, é como tentar juntar água e óleo. Ainda me pergunto se Jacob continuaria a ser o meu amigo depois de me tornar como Edward .

 

Sonho
SE PASSARAM DUAS SEMANAS DESDE A CHEGADA DE JACOB, ele não apareceu mais para me ver, Edward disse que ele continuava na floresta, avisei a Seth sobre a decisão dele de permanecer no Alaska, Seth já sabia de tudo, Jacob se transformara novamente, liberando a suas lembranças aos demais do bando. O final do primeiro bimestre se aproximava, os dias na universidade eram bons, mas algo sempre me fazia perder a concentração nas matérias, principalmente nos poucos dias de sol em que Edward não podia sair para estudar. E não era a ausência de Edward que me causava isso. Algo em meus sonhos me alertara numa noite e pela primeira vez eu não esqueci e desde então isto me assola toda noite.

Eu estava na quadra de esportes, era noite, uma noite longa, eu procurava por Edward quando me deparo com uma bela mulher, ela estava agachada perto de um garoto, ele estava em seus braços, fiz um barulho e dois olhos vermelhos me encaravam, era uma mulher pequena e de cabelos relativamente curtos e escuros, sua boca, suja de sangue, abriu um sorriso, me oferecendo parte do alimento, logo entendi que aquela era a mesma garota da que freqüenta a universidade e que senta ao meu lado na aula de literatura e para o meu total espanto, ao olhar o corpo identifiquei Jacob.

Depois desse sonho, nunca mais consegui dormir tranqüila...

Edward estava no telefone, ele falava com Carlisle e combinava de ele vir até o Alaska para nos ajudar a negociar o aluguel de uma casa, fiquei feliz de sairmos do hotel, sentia saudades de cozinhar e arrumar as minhas coisas, pelo menos não mais me preocuparia com as camareiras nos dias de sol.

Ao terminar a conversa com ele, Edward abriu um sorriso.

— Alice vai vir nos visitar.

Fiquei feliz com a notícia, mas não demonstrei muito.

— O que foi? O que lhe aflige Bella? — perguntou Edward preocupado.

Lhe contei o sonho que tive e para a minha surpresa ouvi uma gargalhada como alento.

— Bella, isso foi só um sonho, não pense mais nisso. — me abraçou — se fosse algo real Alice já teria visto, você não acha?

— Não, Alice não pode ver o futuro quando os lobos estão presentes e Jacob era aquela vítima. — falei preocupada ao ver o sorriso de Edward se fechar.

— Quantas vezes você teve esse sonho? — perguntou curioso.

— O tenho quase todas as noites. — respondi triste.

— Alice e Carlisle virão neste final de semana, conte a eles o seu sonho e veremos do que pode se tratar.

Olhei para Edward e vi que pela primeira vez ele estava preocupado com um sonho meu, eu sabia que Alice não estava vindo só para nos visitar, algo estava acontecendo ou iria acontecer em breve. Um clima pesado tomou conta de nós dois, Edward ligou novamente e pediu para conversar com Alice, vi sua expressão ficar ainda mais preocupada.

 

Visões de Alice
Fomos até o aeroporto esperar Alice e Carlisle, eu e Edward estávamos calados, eu por causa da minha preocupação e Edward, talvez por causa da possibilidade de uma aluna da minha faculdade também ser vampira, se bem que Ingrid não poderia ser uma, como seria, eu sempre a vejo e ela se alimenta como humana. Impossível. Um vampiro simplesmente detesta comida humana, pior, para ele é como comer terra — torci a cara em pensar nisso — como poderia ser? Ela estaria fingindo. O pior é que aquela aula que freqüentávamos juntas era a única que batia com o meu curso, ou seja nos víamos somente uma vez por semana, e essa era a única aula que Edward não freqüentava comigo.

O avião de Carlisle e Alice pousou, Edward se apressou em recepcioná-los, Alice, quando me viu, veio saltitando em minha direção me dando um grande abraço.

— Bella! Você está ótima! — me disse com um sorriso lindo — trouxe alguns presentes — observou ao ver Carlisle aparecer com um carrinho cheio de malas, isso por que eles iriam ficar só dois dias.

— Como vai Bella? — Carlisle me perguntou com um olhar terno — Vejo que você está se adaptando bem ao novo ambiente.

— Own, quase isso — respondi pensando no quanto eu estava sentindo frio naquele exato momento. — Como estão os outros? — tentei disfarçar.

— Estão bem — sorriu — Esme mandou lembranças e prometeu vir ao Alaska para ajudar na mudança — disse Carlisle se referindo aos planos para a nova moradia.

— Eu também me candidato a ajudar — disse Alice com um grande sorriso.

— Só ajudar Alice, nada de coisas mirabolantes — disse Edward já adivinhando os pensamentos de Alice.

— Eu prometo, só vou fazer o que Bella concordar — sorriu me dando uma piscadela, me deixando extremamente preocupada, Alice sempre acabava me convencendo e ela sabia disso.

Edward olhou sério para ela, ele também sabia disso.

Ao chegarmos ao hotel onde estávamos, deixamos as malas que Alice trouxe e logo fomos ao local onde havia a casa que Edward queria alugar. Era um lugar de poucas casas, na verdade a mai próxima ficava a mais de um quilômetro de distância, a floresta era mais próxima do qualquer outra casa.

Assim que chegamos pude finalmente conhecer a casa por dentro, era um lugar muito confortável e quentinho, a frente da casa ficava virada para o nascente, pena isso não fazer a diferença num local tão frio como este estado. Entramos na casa e vimos que estava mobiliada.

A cozinha era toda de cor marfim, tinha dois fogões um a lenha e o outro tradicional, o sistema de aquecimento era perfeito, sorri, era uma casa maravilhosa, a sala tinha uma linda chaminé e um sofá enorme Edward olhou para mim, Alice se adiantou.

— Vamos ver os outros cômodos. — disse ela me puxando — preciso conhecer bem a casa antes de sugerir qualquer mudança. — vi Edward lançar um olhar sério para Alice que o ignorou.

Subimos as escadas vi três quartos, uma parecia um escritório, com escrivaninha e um móvel de computador, o outro deveria ser o de hóspedes, e por fim o quarto de casal que era lindo, como o restante da casa, todo madeirado. Me sentei na cama, os pensamentos dos sonhos voltaram a invadir a minha mente, Alice percebeu e logo estava ao meu lado.

— Bella, eu tive uma visão quando estava chegando aqui. — me disse séria — acho que tem algo que pode não ser muito bom.

— O que? — perguntei preocupada.

— Vi uma mulher na sua universidade que me deixou preocupada, ela estava na sua sala, sentada ao seu lado.

— Acho que você deve ter visto a Ingrid. — disse exaltada. Para a minha tristeza, meus sonhos poderiam não ser infundados.

— Acho que sim — me respondeu ao acaso — ela não é como nós, como você deve estar pensando — me explicou.

— Hum? — Então era bobagem, Ingrid não era como Alice, ou Edward, então ela não era vampira — suspirei aliviada.

— Essa Ingrid é meio humana também — Alice disse por fim — por isso ela pode se alimentar de comida além de sangue.

Congelei, como poderia haver uma coisa assim? Então aquela garota era meia vampira? Se ela também pode se alimentar de sangue, então Jacob corria perigo. Edward também congelou atônito com as palavras de Alice ele estava na porta do quarto com Carlisle, eles ouviram a nossa conversa.

— Se a sua visão estiver correta Alice, talvez essa garota seja a única da espécie. — afirmou Carlisle.

— Precisamos saber até que ponto esta garota pode representar algum perigo para nós e principalmente para você Bella. — me disse Edward com a voz séria.

— Talvez não devamos nos preocupar ainda Edward,  pelo visto vocês estão há pouco mais de um bimestre na mesma faculdade e até agora não aconteceu nada de errado. — observou Carlisle.

— Você pode estar certo, talvez seja mera preocupação da minha parte, mas não vou ficar tranqüilo sem saber exatamente mais sobre essa garota.

Alice fechou os olhos, uma visão provavelmente.

— Alice, você viu mais alguma coisa? — perguntei temendo a resposta.

— Não, só um grande vazio. — respondeu o que eu mais temia, esse vazio era provavelmente o envolvimento de Jacob.

Tremi.

— Edward por acaso lhe contou sobre com o que tenho sonhado ultimamente? — disse olhando para ele e Alice, obtendo uma negativa em seus olhares.

— Não, mas ele teve suspeitas sobre a sua colega de sala, só me contou que você sonhou que ela era uma vampira. — respondeu sincera.

— Mas porque logo o Jacob? — deixei escapar em voz alta para o olhar curioso de Edward.

— O que tem Jacob? — ela me perguntou, mas logo entendeu — Own, o vazio. — declarou.

Visita hostil?
Ficamos com a casa e quando disse ficamos, é porque realmente ficamos Edward resolveu comprar a casa, investimento imobiliário, me explicou e Carlisle o ajudou com todos os tramites, não era fácil para alguém aparentemente tão jovem como Edward comprar uma casa, por exemplo, para não haver suspeitas Carlisle sempre o ajudava nestas coisas.

Carlisle voltou para Phoenix, Alice resolveu ficar, nos mudamos quase que imediatamente, tudo para não dar tempo de Alice mexer os pauzinhos e tentar fazer alguma mudança na casa. A mudança foi relativamente fácil, Edward e Alice se encarregaram das malas, eu não fiz absolutamente nada, me senti uma inútil, nem a bagagem de mão pude carregar. Não demoramos a nos instalar, Alice ficou no quarto de hóspedes.  Se passaram alguns dias desde que Alice Teve aquela visão de Ingrid ser meio vampira. Edward ficou extremamente protetor, a ponto de querer mudar a grade de aulas para ficar o tempo todo comigo, eu que não deixei, um contato entre ele e Ingrid poderia ser desastroso, do tipo de causar pânico numa sala de aula cheia de por o segredo de Edward e ou qualquer vampiro em risco. Passei a observar Ingrid, sempre conversávamos e nunca via nada de diferente nela, a não ser que ela praticamente devorava o lanche. Edward ficava a distância, mas Ingrid parecia senti-lo toda vez, ela inventava qualquer coisa e saia de cena. Edward se enfurecia, pois não achava nada demais na sua mente, era como se ela soubesse de suas habilidades e tentasse disfarçar os pensamentos.

Na semana em nossa casa nova, de noite Edward se levantou ao sentir uma presença estranha. Alice imediatamente apareceu na nossa porta.

— A garota que eu vi nas minhas visões está caçando na floresta.

— Jacob está na floresta? — perguntei já sabendo da resposta.

— Provavelmente — Alice me respondeu — vi um vazio no futuro da garota. Na verdade, todo o que se refere a ela neste momento em diante é vazio, como se ela não existisse, ou ainda tivesse algo entrelaçado com os lobos.

— Precisamos avisar Jacob ou impedi-la! Não quero que aconteça algo com ele — falei num fio de voz urgente olhando para Edward que estava com um olhar vazio.

— Eu queria poder ajudar mais — Alice disse lamentando — se pelo menos ela mudasse de idéia, ou algo assim, mas pelo visto não tem erro, Jacob está no destino dela.

Fiquei mal com tudo que passava pela minha cabeça. Mais mal ainda por Edward, mas eu não podia evitar, Jacob era uma das pessoas mais importantes da minha vida, um amigo que amo demais para esquecê-lo.

— Bella, vou fazer isso por você, mas do que qualquer coisa, pois não quero vê-la triste. — disse saindo como um raio pela porta.

Alice franziu o cenho.

— O que você está vendo com Edward? — perguntei aflita.

— Nada, apenas mais um vazio, acho que ele vai encontrar Jacob — me disse com os olhos fechados.

Sentei-me no sofá, eu estava abalada com a possibilidade de qualquer um se machucar, até a Ingrid, se é que era ela mesma, de repente me agarrei na infundada esperança de Alice estar errada com as previsões...

 — De qualquer forma, não se preocupe, Edward vai se comunicar, ele levou o celular — observou — provavelmente estará aqui logo — sorriu.

Comecei a lembrar de detalhes do sonho, nele eu era um deles, Ingrid sempre estava atacando Jacob e me ofereceu o seu sangue, mas deixei escapar algo, eu devo ter deixado. Voltei a minhas lembranças a universidade, Ingrid era rosada e não pálida, seus olhos possuíam uma cor azulada, pelo que eu entendo todos os Cullens possuem olhos castanhos por se alimentarem de sangue animal, lembrei-me dos novatos de Victória todos tinham olhos vermelhos por sugarem sangue humano, então se Ingrid era uma meia vampira, também era humana, seus olhos provavam isso, mas como pode ter se dado a sua transformação? Será que ela nasceu assim?

O som do celular tocando interrompeu meus pensamentos, Alice se adiantou e o atendeu.

— Sim, eu entendo, mas como você conseguiu?... certo, certo, você não pode falar, tudo bem, mas o que importa é que você conseguiu... — disse sorrindo. — Como? — sua expressão endureceu — a esta hora? Mas já é quase madrugada! Está certo, vou fazer uma reserva, mas o que digo a... Tá bem, eu digo então. Tchau — finalizou a conversa me passando o telefone.  — Edward quer falar com você, v me disse séria — mas evite o assunto Ingrid, Bella, ele encontrou Jacob.

— Ei, como foi aí? — perguntei aflita.

— Hei Bells— ouvi a voz de Jacob ao fundo. — fique tranqüila, estou inteiro.

— Não foi difícil encontrá-lo — Edward interrompeu — mas ele se recusa a ir a nossa casa.

— Você não deve me culpar por ter um olfato sensível — ouvi Jacob ao fundo, Edward acabou passando o telefone para ele — Só concordei com tudo isso por que você pediu Bella, mas nem sei o porquê de tanto cuidado.

— Amanhã eu te explico Jacob, eu prometo — disso por fim, pois Edward retomou o telefone e continuou.

— Voltarei em breve, peça para Alice fazer o que pedi e não se preocupe mais. — disse antes de desligar.

— O que Edward te pediu Alice? — perguntei curiosa.

— Me pediu para reservar um quarto para Jacob naquele hotel que vocês ficaram, Jacob se recusa a vir a esta casa, ele não agüenta o nosso cheiro, mas... — se interrompeu

— Mas o que? — perguntei.

— Own, não posso dizer — sorriu.

— Alice eu acho melhor você me contar. — exigi.

— Só se você me deixar mudar um pouco essa decoração — sorriu maliciosamente.

Suspirei.

— Certo, agora me conte o que Edward disse.

— Não é sobre o que ele disse é sobre o que eu vi na minha visão, ele está decidido a ir atrás daquela garota e enfrentá-la se for preciso

— Ow. Preciso ter uma conversa com Edward. — disse pegando o telefone e discando o número.

— Bella?

— Jacob? — estranhei ele ter atendido o celular — onde está Edward?

— O sanguessuga saiu, ele deixou o celular comigo para mantermos contato, mas pediu para te avisar que logo estaria em casa — ouvi uma voz de remendo, como se Jacob imitasse Edward de modo engraçado. — O que há afinal Bella porque vocês estão tão preocupados?,Eu acho bom alguém me explicar ou volto agora mesmo para a floresta, você sabe que vou fazer isso.

— O que Edward te explicou? — perguntei tentando manter calma sobre o fato de Edward tentar ir atrás de Ingrid.

— Ele me disse que haviam outros sanguessug... quero dizer outros como ele na floresta e que eu estava invadindo um território. Disse também que você estava doida de preocupação. — ouvi sua risada — Mas sei que ele não me disse tudo, você sabe de mais alguma coisa Bella?

—Não muito mais que você Jack. — menti torcendo para que Jacob acreditasse — Mas vou conversar com Edward e depois te conto, ok? — Vi Alice com uma cara preocupada, outra visão, pelo jeito — Jack, preciso desligar.

— Ok Bella — disse com uma voz terna — só mais uma coisa, diz para Edward que troquei de quarto, o que ele me deu fedia a vampiro — deu uma gargalhada. Provavelmente Edward escolhera o mesmo quarto que tínhamos ficado neste último bimestre.

— Só você Jack. — disse irritada desligando o telefone. — Alice, o que foi?

— Bella, você precisa ficar no quarto, em breve teremos uma visita diferente e não tenho certeza sobre a sua segurança, pois não vejo muita coisa coerente. — disse Alice preocupada.

Ouvi uma batida na porta, Alice já sabia quem era e se enriqueceu, não sabíamos com o que íamos lidar. Resolvi ficar na sala mesmo e pagar para ver

Alice se levantou mecanicamente e foi até a porta, ao olhar pelo olho mágico abriu a porta devagar. Provavelmente ela viu o que ia acontecer por isso o sentimento de segurança, talvez.

Era Ingrid.

Me levantei preocupada e fui até a porta, reticente, mas fui, Ingrid estava lá, séria, mas ao me ver, soltou um sorriso tímido.

—Olá Bella. — disse com aquele mesmo rosto corado que eu via na universidade, mas reparei em algo crucial, seus olhos: eles não eram mais da mesma cor, agora estavam da mesma cor dos olhos de Alice, mel.

— O...oi — gaguejei, eu estava curiosa sobre a presença dela na minha casa.

— Precisamos conversar, será que podemos? — me perguntou calmamente.

— S-sim — respondi.

— Sei que não sou bem vinda a este local, quando entrei para aquela universidade nunca imaginei que encontraria outros como eu — lançou um olhar para Alice — mas sei que não somos totalmente iguais, seu marido também é um deles, o vi hoje na floresta conversando com um tipo de lobo, sabe, aquele lobo enorme daria uma boa refeição, as vezes preciso de sangue e eu estava de olho nele— sorriu —mas uma coisa me deixou assustada, vi aquele lobo virar homem e pensei o que iria acontecer se eu o pegasse, isso me fez sentir estranha.

Fiquei totalmente quieta ouvindo aquelas palavras ditas pela Ingrid e algo me deixou bastante tranqüila, ela não era uma caçadora de humanos, pelos menos seus olhos cor de mel denotavam isso.

— Me explique uma coisa — interrompeu Alice — quem são seus pais, pois eu não consigo entender a sua existência, como pode haver alguém como você?

— Pais? Hum... — olhou para Alice — só conheci a minha mãe, ela me explicou tudo sobre o que sou, mas nunca me disse quem era o meu pai — parou de repente — mas não quero falar de mim, não agora, só quero conversar sobre o que vi hoje na floresta — disse sutilmente.

— Aquele animal que você viu e que quase caçou não era bem um animal — Alice tentou explicar— ele é um homem de uma linhagem indígena muito especial, ele é um lobisomem.

Vi Ingrid arregalar os olhos.

— Meu Deus! Acho que nunca mais caçarei lobos na minha vida — disse incrédula se sentando no sofá ao meu lado.

Alice olhou em volta, logo Edward estava na porta com um olhar duro ao ver Ingrid.

— Own, finalmente nos conhecemos — disse ela se levantando e dando a mão para cumprimentar Edward. — Vi você conversando com Bella, sabia que você me deixou um tanto temerosa?

— Achou que eu caçasse humanos. — afirmou sabendo dos pensamentos de Ingrid — por isso se afastava quando eu me aproximava. — olhou sério para ela e depois devolveu o olhar para mim.

— Quase isso. — na verdade eu nunca tinha encontrado alguém assim, como eu poderia dizer?

— Vegetarianos? — eu disse vendo Edward sorrir

— Isso é um bom termo para a dieta que seguimos. — completou Edward — quando nosso cardápio é composto apenas por animais.

— Então temos a mesma dieta, que bom — disse Ingrid sorrindo.

— Quase, você consegue se alimentar de comida, nós não — Edward observou.

— A comida comum é boa, mas não me alimenta. — disse Ingrid triste.

— Para nós é simplesmente intragável — disse Alice, provavelmente se lembrando do almoço de Charlie.

— Você já conheceu os outros? — perguntei sem pensar no que isto pudesse causar.

— Outros? Tem mais de vocês por aqui? — perguntou curiosa.

— Fique tranqüila, os deste estado são de um clã como o nosso, vegetarianos. — disse Edward— você precisa conhecê-los, talvez Tânia saiba um pouco mais sobre a sua espécie.

— Seria bom conhecê-los, mas normalmente não sou bem vinda nos lugares, normalmente me consideram uma persona no grata. —disse com naturalidade.

— Talvez se sintam incomodados, você tem cheiro de humano também e isto causa espanto, como causou em mim — disse Alice sincera.

— Talvez. — concordou.

Fiquei feliz por Ingrid ser como Edward e o restante dos Cullens e realmente estou curiosa sobre o seu passado, foi uma pena ela não ter dito mais nada, mas quem sabe um dia. Conversamos um pouco mais, acabei indo a cozinha pegar um pouco de pizza que sobrou do jantar, me alegrei em ter uma companheira na minha refeição, Ingrid comeu comigo.

Fiquei feliz por aquele contato, nada de visita hostil afinal, apenas um contato mais cuidadoso, creio eu, só uma coisa me deixava preocupada, será que aqueles sonhos que ando tenho vão me abandonar finalmente? Quero as minhas noites bem dormidas de volta.

 

Convite

Passaram-se mais algumas semanas desde que Ingrid se aproximou da nossa família e se tornou minha mais nova amiga, descobri algumas coisas sobre ela, Ingrid nasceu numa cidadezinha chamada Beaumont, no Texas e que escolheu o Alaska para estudar por que conseguiu uma bolsa de estudos. Ela também tinha uma força descomunal, assim como Edward, mas era delicada e gentil, sabia diferenciar bem os humanos, das suas presas.

Jacob voltou à floresta, mas agora ele tinha um lugar para descansar. Graças a minha insistência Jacob aceitou continuar no hotel. Edward e Alice tinham que caçar com cuidado redobrado, primeiro por Ingrid, e segundo por Jacob, eles temiam perder o controle, por causa dos instintos aflorados.

Jacob estava sempre por perto, eu gostava da presença dele, mas ao mesmo tempo me sentia mal por ele e Edward, eu me sentia dividida na atenção dada aos dois, Edward sabia que era o único no meu coração, mas também sabia que Jacob tinha o seu lugar, eu o amava, não era o mesmo tipo de amor, mas mesmo assim o amava, Jacob era o sol, e Edward a vida.

Fiz uma visita a Jacob depois da aula, Edward foi caçar com Alice, ambos ficariam fora por dois dias, resolvi convidar Ingrid e Jacob para almoçarem comigo em minha casa. Fui ao hotel e fiquei feliz por encontrar Jacob lá, ele estava com cara de sono quando me atendeu, percebi que ele provavelmente passara a noite em vigília. Ao ouvir sobre a minha convidada, ficou curioso.

— E essa tal de Ingrid, é também uma deles? — me perguntou curioso.

— Por que acha isso? — retornei.

— Por nada, só não gostei muito do cheiro que senti perto da sua universidade.

— E por que você acha que esse cheiro era da Ingrid? — insisti.

— Não sei ao certo, só sei que senti o tal cheiro e agora vocês tem uma nova amiga que nem se importa com aqueles dois.  — se referiu a Alice e Edward.

— Venha almoçar conosco amanhã e tire as suas conclusões Jacob. — sorri — Ingrid sabe de você e está curiosa a seu respeito — arrisquei.

— Então ela é um deles! — exclamou — só pode ser. Você jamais contaria o meu segredo a uma pessoa comum. — sorriu irônico. — Quero ver no que vai dar, estarei lá amanhã Bells.

— Vamos te esperar. — Sorri saindo pela porta.

Jacob estava diferente desde o dia do meu casamento, era como se ele estivesse mais conformado, ou ainda esperançoso, eu não sabia ao certo, mas tudo que eu queria era ver meu amigo feliz.

 

Impressão
Eu estava correndo, sem medo de cair ou trombar em uma arvore, os meus movimentos eram perfeitos, graciosos, Edward estava ao meu lado, percebi o seu esforço para me alcançar, Alice estava com uma feição feliz, não demorei a entender o que estava prestes a acontecer.

Essa foi a primeira noite sem pesadelos, acordei cedo, o dia estava frio como sempre, mas respirei fundo e enfrentei a pequena caminhada até o banheiro. Depois um pequeno momento relativamente humano fui a cozinha preparar o almoço, eu já tinha feito alguns molhos na véspera, ainda estava em dúvidas quanto ao que ia preparar, acabei optando por uma boa massa com frango assado. Não tive problemas em preparar tudo. Ingrid chegou uma hora antes da hora marcada, ficamos assistindo a um filme enquanto aguardamos a chegada de Jacob.

— Esse seu tal amigo, então ele veio atrás de você praticamente a pé? — confirmou o que Alice já tinha lhe contado.

— Não sei ao certo, nunca perguntei a ele como fez para passar por toda aquela água. — respondi sincera me referindo a única balsa que existe como saída para quem não quer sair de avião.

— Acho que nem quero imaginar, deve ter demorado meses até chegar aqui. — me disse segurando uma pequena almofada em seu colo e a abraçando.

— Ingrid, Jacob é bem rápido, ele pode correr facilmente tanto quanto Edward ou Alice. — Afirmei.

Ouvi dois barulhos ao mesmo tempo, alguém batendo na porta e o relógio despertara na cozinha para avisar do assado.

— Eu vou ver o frango Bella — disse correndo para a cozinha.

Abri a porta e me deparei com um olhar desconfiado, mas seguido de um belo sorriso.

— Oi Bells! — disse olhando em volta — trouxe isto para ajudar no almoço — disse me entregando a garrafa de vinho, ao entrar ele estancou na porta. Ingrid estava vindo da cozinha, seu sorriso sumiu e deu lugar a um olhar de espanto. Ingrid ficou bem quieta como uma pequena estátua de mármore.

— Hei, você não parece ser um deles. — Jacob foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Olá Jacob. — disse Ingrid mudando de assunto. — Estávamos te esperando — sorriu.

Senti algo no ar, Jacob estava com um olhar de sofrimento, parecia que algo tinha o atingido. Ingrid estava sorridente e não parava de olhá-lo.

— Vamos almoçar? — perguntei tentando amenizar o ambiente sério de Jacob.

Um longo silêncio se seguiu. Jacob olhou novamente para Ingrid e ficou estático. Ingrid parecia confusa também. Os dois se olharam e em poucos segundos algo muito estranho aconteceu, algo que nunca imaginei que pudesse acontecer desta maneira.

Jacob trancou os dentes e balançando a cabeça saiu, fui atrás dele.

— O que há Jacob, por que está fazendo isso? — perguntei triste.

— Bella. Aconteceu — disse antes de sair — que merda! — correu me deixando curiosa. Ouvi um uivo lamentoso.

Ingrid apareceu atrás de mim.

— Desculpe Bela, mas acho que esse almoço não foi uma boa idéia.— disse cabisbaixa.

— Não é isso Ingrid. Desculpe o Jacob, ele não é assim. — tentei amenizar.

— Ele saiu quando me viu. E só. — me disse triste.

— Vou ter uma conversa com ele mais tarde. Não deixe que isto estrague o nosso almoço. — sorri.

— Tudo bem Bella, vamos comer — tentou se animar — o cheiro está ótimo.

Sorrimos juntas e fomos para a cozinha, resolvemos levar os pratos para a sala e comer assistindo a outro filme. Reparei que a todo momento Ingrid olhava para a porta, como se estivesse recordando a entrada e saída repentina de Jacob.

— Pena que ele não ficou — disse entre uma garfada e outra. — senti algo estranho quando o vi — me confessou

— O que você sentiu? — perguntei

— Senti uma certa atração, sei lá, mas quando o vi saindo, era como se algo fosse ficar faltando. Nunca havia sentido isso. — seus olhos estavam brilhando.

Lembrei-me de algo que Jacob me disse sobre as impressões que mais cedo ou mais tarde todos de sua espécie sempre sentiam. Eu realmente não sabia ao certo por que isso veio a minha mente.

— Ingrid vamos terminar o almoço, depois esperaremos Edward e Alice, acho que eles podem te ajudar com essas sensações.

— Não Bella, eu realmente aprecio a sua vontade de me ajudar, mas não posso ficar além do que prometi, preciso estudar. — sorriu triste.

— Ow, certo. Mas não deixe que Jacob estrague o seu dia, depois eu falo com ele, realmente estou curiosa sobre a reação que ele teve. — confessei.

Ingrid me olhou e sorriu, era um sorriso tímido que ocultava a frustração que deve ter sentido pela reação de Jacob. Ingrid me ajudou a lavar os pratos, conversamos mais um pouco e logo depois nos despedimos.

Fiquei olhando-a ir da janela, ela foi a pé e muito rápido.

Liguei para o hotel onde Jacob estava hospedado, mas ele ainda não chegara. Fiquei realmente preocupada. A noite Edward e Alice já estavam em casa, contei a eles o que tinha acontecido e Alice ao tentar ver o futuro de Ingrid via um grande vazio, Jacob continuava no seu destino.

—Jacob deve ter tido uma impressão. Vi como ele estava perturbado ao ver Ingrid. — Edward ao ouvir isso pareceu realmente satisfeito, mas mudou de expressão quando me viu entristecida, eu estava preocupada com Jacob, eu queria ter uma boa conversa com ele.

— Bella, vou atrás de Jacob. — disse saindo sozinho.

— Não desta vez, vou com você Edward, preciso falar com ele. — eu disse decidida. Edward suspirou e fomos juntos a procura de Jacob. Alice ficou em casa, ela ficou de ligar para o Billy Black.

Fomos à floresta, eu estava nas costas de Edward, ele corria como o vento, a paisagem voava, fechei meus olhos e senti o vento no rosto, ouvi a voz suave de Edward.

— Bella, você precisa sair das minhas costas, eu o encontrei, vá até aquela clareira, ele está próximo — disse apontando o local

— Você consegue saber o que ele está pensando agora? — perguntei preocupada.

— Sim, mas acho que ele quer contar diretamente para você.

Assenti e fui na direção que ele indicou, caminhei cuidadosamente, tomando cuidado para não cair, olhei para trás, Edward não estava mais lá, ele realmente iria cumprir o que prometeu, me deixaria conversar a sós com Jacob. Ouvi um pequeno rosnado e estanquei ao ver o grande lobo. Jacob me olhou aturdido e saiu do meu campo de visão, logo percebi que ele também queria falar comigo, mas só podia fazê-lo na forma humana.

Não demorou até que o Jacob de sempre aparecesse entre os arbustos, ele estava só de calças e caminhava lentamente em minha direção. Seus olhos estavam diferentes, um sorriso angustiado brotou de seu rosto.

— Me desculpe por hoje Bella — ele me disse com a voz mansa, mas carregada de angústia.

— O que foi aquilo de hoje a tarde? — perguntei me referindo a sua reação na hora do almoço.

— Aconteceu Bella, foi justo com aquela garota. — suspirou — agora eu não sei o que posso fazer.

— Você teve uma impressão com Ingrid, não foi? — perguntei tocando em seu ombro.

Ele balançou a cabeça resignado.

— Agora que sinto isso por aquela garota, Edward vai ficar aliviado — disse com ironia.

— Jacob, Ingrid ficou abalada com a sua atitude. Por que não fala com ela? Não sei como funciona esse sentimento de impressão, mas acho que você não foi o único a sentir.

— Eu preciso ir Bella, não consigo ficar longe muito tempo dela, sinto a necessidade constante de estar perto, de protegê-la. Mesmo que ela não me aceite, estarei sempre por perto.

— Você não vai falar com ela? — perguntei curiosa.

— Vou... talvez ... na verdade eu não sei o que eu vou fazer agora Bella, temo pela reação dela.

— Como eu disse Jacob, Ingrid ficou abalada com a sua atitude e me confessou uma coisa.

Vi os olhos de Jacob brilharem, a noite estava se aproximando, sua respiração ficou forte e seus músculos se contraíram.

— O que ela disse para você? — me perguntou olhando em volta. Percebi que ele pressentira algo.

— A Ingrid comentou que depois que você se foi, algo ficou faltando, era como se você tivesse levado algo dela, não sei ao certo.

— Ela sente o mesmo por você — disse Edward se aproximando de repente. — Fui até ela e ouvi isso.

— Como ousa ouvir o que ela pensa, quem te deu permissão? — disse Jacob furioso — o que acontece com ela e comigo não é seu problema. — se afastou de nós. Edward me olhou, logo entendi a sua mensagem corporal, ele queria que eu deixasse Jacob sozinho.

— Jacob, preciso voltar, mas gostaria que você não ficasse com raiva de Edward. Pense bem no que eu te disse e se quiser ver Ingrid, este é o endereço de onde ela está hospedada — disse lhe entregando o pequeno papel.

— Sei que vocês só querem ajudar e fico grato, me desculpem pela grosseria — relaxou os braços e guardou o papel com o endereço que dei.

Voltamos para casa e algo me preocupou, meu pesadelo veio à tona, Edward viu meu rosto preocupado.

— O que foi Bella? — me perguntou angustiado

— Lembra daqueles pesadelos? — perguntei olhando em seus olhos — por uma fração de segundos todo ele veio a minha mente.

— Não se preocupe Bella — disse Alice me tranqüilizando — Liguei para o Billy Black e ele já tinha sido informado por Seth, Jacob compartilhou as informações com o bando quando se transformou, realmente esse negócio de compartilhar tudo o que pensa entre todos é uma coisa terrível — fez uma careta — Mas Billy me disse que a impressão é sentida por ambos, isso quer dizer que Ingrid jamais o machucaria.

— Mas não entendo o porque destes sonhos terríveis — reclamei.

—Lembre-se Bella, geralmente eu é que prevejo as coisas aqui, portanto, não confie inteiramente nos seus sonhos. — sorriu.

Alice estava certa, eu precisava relaxar e não ficar presa a esses sonhos, pois nem sempre davam certo.  Pegamos o carro, fomos levar Alice ao aeroporto, ele precisou voltar logo, algo haver com Jasper, ou ela ia, ou ele que viria, Edward achou prudente que Alice fosse. Ele ainda não superou aquele dia em que Jasper perdeu o controle quando cortei o dedo com o laço de um presente de aniversário.

 

Impressão – perspectiva de Jacob

Nunca pensei que isto ia acontecer deste jeito, me senti um idiota completo, não pude me conter, só consegui correr e correr, quase perdi as roupas, a forma de lobo tomou conta de mim, aquela garota, não conseguia parar de pensar nela, justo ela, eu não queria aceitar. A Bella era o que eu queria, mas agora só consigo pensar naquela híbrida. Que merda! Sou um desastre, por que não fiquei e tentei conversar. Eu já estava na floresta, tentei me acalmar, mas não conseguia, foi quando via a Bella e o que senti não foi a mesma coisa de antes, eu não via mais a Bella do mesmo jeito e me odiei por isso. Percebi que ela queria falar comigo, fiz um esforço completo e consegui voltar ao normal. Falei para ela da impressão, e ela ia me contar sobre o que Ingrid dissera, foi quando Edward apareceu e me disse dos sentimentos da Ingrid, tentei ficar com ódio dele, mas não foi a mesma coisa, agora eu só o via como o marido de minha amiga, apenas isso. Bella me deu o endereço de Ingrid e decidi vê-la.

Voltei ao hotel e coloquei roupas novas, agredeço aquele sanguessuga por ter me dado roupas, se bem que só deve ter feito isso por Bella, mas agora eu não me importo mais com ele, só quero ir até onde ela está.

Fui até o endereço e achei o local, era perto da escola deles, fui até a recepção e a moça ruiva me disse que ela não estava. Não acreditei, mas não podia fazer nada naquela hora, fui para os fundos e pulei a janela, senti o cheiro dela, mas ela não estava mesmo. Fui até a escola onde Bella estuda, sabia que ambas estavam na mesma universidade. Já era noite, talvez eu não a encontraria, mas tive que arriscar.

Fui até lá, caminhei calmamente pelo prédio, não demorou a pegar o seu cheiro, segui-o até o ginásio, ela estava lá, sozinha sentada na arquibancada.

Ela percebeu a minha presença e vi o seu olhar assustado. Aproximei-me bem devagar. Ela continuou onde estava.

— Oi. — eu disse idiotamente — me desculpe por hoje. — sorri, oh cara minhas mãos estavam suando como nunca.

— Tudo bem — ela me disse abrindo o sorriso mais branco que já vi.

— Ahn... eu... eu preciso conversar com você, te contar algumas coisas sobre mim. — falei francamente.

— Sei o que você é, não é diferente de mim, ambos somos meio humanos. — se levantou vindo em minha direção.

Congelei ao vê-la se aproximar, senti um calor ainda maior percorrer todo o meu corpo, tentei me controlar para não repetir aquela cena idiota de fugir hoje à tarde.

— O que mais você sabe sobre mim — perguntei curioso.

— Quase nada — sorriu. — Você não quer me contar — disse me puxando para que me sentasse, o seu toque não era frio, a sua temperatura era humana.

Ficamos bem próximos e comecei a tagarelar como nunca, ela me observava e eu me sentia um idiota, mas não podia evitar. Contei sobre a minha família, o meu lar e até as histórias com os Cullens, claro que eu não podia evitar me referir a eles do jeito de sempre, mas me controlei ao máximo, mas eu que eu mais queria era falar sobre a impressão, mas falei de outras coisas, como dos pensamentos compartilhados entre o meu bando e as situações inusitadas que ocorriam quando alguém pensava em algo que não devia.

Ingrid sorriu ao me ouvir, ficamos um bom tempo naquele lugar. O segurança apareceu e nos colocou para fora, saímos dando risada. Fomos andando até a floresta e Ingrid me pediu algo que me deixou extremamente sem graça.

— Você poderia se transformar? Quero muito te ver como lobo.

— Não sei se você iria gostar de me ver.

— Eu não terei medo, prometo — disse erguendo os dois dedos da mão.

— Se é assim, então me dê um minuto, terei de me ausentar — eu disse nervosamente.

Fui a um lugar onde não poderia ser visto, tirei as minhas roupas e deixei o lobo tomar conta de mim, fiquei de quatro e logo pude sentir o resto do bando na minha cabeça. Eles já sabiam de tudo e a confusão de vozes era tremenda. Saí do meio do mato, vi Ingrid sentada ela se levantou ao me ver, me aproximei devagar, me sentei a sua frente, ela se aproximou e me afagou. Me senti estranho, mas gostei do contato. Andamos juntos por alguns minutos, depois assumi a minha forma humana.

— Jacob, você realmente é demais, adorei conversar com você — me disse antes de entrar no hotel.

— Será que... posso vê-la amanhã? — perguntei hesitante, na verdade eu queria beijá-la, mas não quis arriscar se rejeitado, agora ela era parte da minha vida, querendo ou não.

— É claro, quando quiser. — sorriu

— Então voltarei amanhã à tarde — disse me afastando, quando algo repentino aconteceu, fui pego de surpresa pelo beijo dela. Como fui idiota, ela nunca me rejeitaria...

Não voltei ao hotel onde eu estava, fiquei vagando a noite inteira aos arredores de onde Ingrid estava, eu não conseguia me afastar dela. O lobo pulava e corria, a paz veio com aquele beijo.

 

Noite de sangue – parte I: Forks
EU VOLTAVA DA UNIVERSIDADE, estranhei o ar, eu sentia algo, imediatamente fiquei em estado de alerta, Edward se aproximou e demonstrou estar extremamente nervoso, ele me puxou, tínhamos que encontrar os volturi, era hora de me apresentar como vampira, fomos até o centro da floresta, quando nos reunimos, todos os Cullens estavam presentes. Os volturi estavam lá, Aro, Caius e Marcus, Jane, a pequena mestra da tortura mental também estava lá com um sorriso triunfante, vimos um grupo de guardas trazendo duas pessoas: Ingrid e Jacob.

Jacob perdeu o controle completamente e logo virou um lobo, fazendo todos os volturis ficarem pasmos, Jane estava usando o seu poder e o torturava, não agüentei e avancei rapidamente em cima dela. Edward gritou, aquele seria o meu fim.

Acordei assustada, mais um pesadelo de que não me recordo. Edward estava ao meu lado lendo um livro.

— Eu realmente gostaria de saber o que se passa na sua cabeça, não entendo alguém ter um pesadelo e nunca se lembrar.

— Proteção, talvez — falei incerta.

— Talvez. — falou Edward sério. — só espero que tenha sido mais um sonho infundado.

— Eu também — respondi preocupada.

Nosso primeiro semestre estava completo, teríamos um pequeno recesso, eu e Edward resolvemos voltar a Forks, eu precisava ver Charlie mais uma vez antes de me transformar, Edward continuava com a idéia fixa de adiar este dia, ele me queria humana, não queria que eu perdesse a minha alma.

Estava tudo pronto para irmos já estávamos próximos ao aeroporto quando algo fez Edward parar o carro no meio da estrada.

— O que foi? Por que paramos?

— Vi Irina, ela passou por nós, quer falar comigo. — disse preocupado.

—Por que ela não foi a nossa casa? — perguntei.

— Ela não quis, tem ressentimentos em relação a você e os lobisomens. — disse nervosamente.

— O que você vai fazer? — eu estava nervosa, na verdade com receio de que talvez Irina desejasse o meu mal.

— Vou falar com ela agora, ainda temos tempo, dirija até o aeroporto. — me disse calmo — logo te alcanço.

— Certo. Tome cuidado — pedi.

— Você também — me deu um beijo. — Até daqui a pouco. — brincou.

Eu estava abalada, Irina nunca quis se aproximar, ela amava Laurence, mas ele tentou me matar e o bando de Jacob me salvou, ela não entendia como uma humana como eu poderia valer a vida de Laurence.

Eu já estava na entrada do aeroporto quando meu celular tocou freneticamente, tive que parar o carro para atendê-lo.

— Bella? Sou eu Alice. — disse rapidamente — aconteça o que acontecer, não deixe... — se interrompeu — Edward foi falar com Irina, não foi? — Alice perguntou afirmando.

— S-sim — gaguejei — O que está acontecendo, qual é o problema? Edward está em perigo, não está? — minhas perguntas beiravam o desespero.

— Não exatamente Bella, mas a conversa com Irina pode levar Edward a tomar uma decisão precipitada.

— Own, me diga Alice, o que Irina vai falar a Edward. — minha voz falhava.

— Eu mesmo posso te contar Bella — disse a voz que me devolveu a paz, Edward chegara, ele estava muito sério e não entrara no carro. — mas antes preciso falar com Alice — disse pegando o celular da minha mão e se afastando.

Não pude ouvir nada, mas ele parecia bem tenso, me lançou alguns olhares, preocupado. Ele voltou para o carro com o celular já desligado.

— Precisamos voltar e encontrar Ingrid agora mesmo. — me disse tenso entrando no carro e assumindo a direção.

— O que está acontecendo Edward? — perguntei nervosa — Ingrid corre algum risco?

— Creio que sim, ela e Jacob.  Precisamos falar com eles, os volturi a descobriram e pretendem vir em breve para conhecê-la, também querem se certificar de que cumpri com a minha promessa.

— A de me transformar — afirmei.

— É. — disse ele discando o no celular — Por favor, quero transferir duas passagens do vôo 5 das duas da tarde para amanhã as 10 da manhã e quero que reserve mais duas para o mesmo vôo, em nome de  Edward e Isabella Cullen, Jacob Black e Ingrid Meyer. — disse passando demais dados.

Fomos ao hotel, mas não encontramos Jacob, lamentei não ter dado um telefone a ele. Mas dei graças ter o telefone da Ingrid, liguei para ela em vão, ela também não estava em casa.

— Precisamos falar com os dois o mais rápido possível. Irina me contou que foi abordada por um soldado dos volturi que nos viu, viu Jacob e o mais grave viu Irina — disse Edward dando a volta no carro, estávamos indo em direção a floresta, provavelmente acharíamos os dois lá.

Paramos o carro e fomos a pé. Edward parou e fechou os olhos, eu ia falar, mas ele me interrompeu.

— Um segundo Bella — disse enquanto se concentrava. — Achei-os. — me colocou nas costas e correu.

Logo os encontramos, ambos estavam próximos a um rio. Jacob perdeu o sorriso ao ver Edward, Ingrid parecia curiosa sobre a nossa presença.

Edward explicou tudo, Ingrid não pareceu surpresa.

— Eu sabia que um dia isso ia acontecer. — falou triste. — Meu pai me avisou que um dia alguns como ele poderiam me prejudicar se soubessem de mim, por isso tenho evitado ter contato com outros, só espero que eles não me levem embora.

— Quem é o seu pai Ingrid?

— Sinto não poder revelar Edward— suspirou — ele próprio correria riscos se eu o fizesse. Nem eu sei o seu nome verdadeiro. — lamentou — mas o conheço como Lius.

Percebi que Jacob estava ficando extremamente nervoso.

— Você precisa voltar conosco para Forks é a única maneira de assegurarmos um contato seguro com os volturi, Carlisle e os outros irão nos ajudar.  — nesse momento Edward apertou a minha mão, senti que suas palavras para Ingrid não estavam tão cheias de certezas.

— Os lobos também ajudarão — assegurou Jacob — Não vou deixar que nada aconteça com você, tenha certeza disso. —segurou as mãos de Ingrid e a abraçou em seguida.

Vi aquela cena e me senti estranhamente em paz, eu gostava de vê-los juntos e tudo que eu queria naquele momento era a felicidade de ambos. Mordi o lábio. Eu desejava com todas as minhas forças que os dois fossem protegidos a todo custo das garras infernais dos Volturi.

Edward deve ter percebido o que eu estava sentindo e se aproximou de mim, sussurrando  ao meu ouvido.

— Vamos fazer de tudo para protegê-los, não se preocupe Bella.

***

Voltamos à Forks, a nossa partida do Alaska foi bem tranqüila, Ingrid e Jacob ficaram o tempo todo dormindo, essa era uma coisa que Ingrid podia fazer: Dormir, creio que Edward deve ter percebido a benção que Ingrid tinha: poder dormir, poder sonhar.

Realmente eles mereciam aquele momento de sonhos, ninguém conseguira dormir naquela noite, eu também tirei um bom cochilo, só acordei pouco antes de nosso avião pousar. No aeroporto Esme e Rosalie nos recepcionaram, estranhei a presença de Rosalie e não de Alice, mas logo deixei isso de lado.

Jacob, apesar de nunca ter gostado muito dos Cullens, pareceu bem à vontade nas presenças de Esme e Rosalie.

Voltamos no carro de Esme. Jacob e Ingrid foram no carro de Rosalie. Sorri ao lembrar-me da cara de Jacob ao aceitar a pequena carona do carro conversível. Ingrid sentou-se no banco da frente e parecia contente em ir conversando com Rosalie, Jacob estava emburrado e com os braços cruzado no banco de trás.

Ao chegarmos à casa dos Cullens, Emmet e Jasper saíram ao nosso encontro.

— Já faz um bom tempo, carinha! — Emmet se proximou com o seu abraço de urso em Edward, quase o derrubando, Jasper sorriu e apertou a mão de Edward.

— Hei! Vocês chegaram, finalmente! — exclamou Alice enquanto saltitava ao nosso encontro.

Ingrid ficou feliz em rever Alice. Jacob estava meio aéreo, quando voltou a si, pareceu surpreso, voltou-se a Esme.

— Sam e os outros estão próximos.

Edward completou o que Jacob estava prestes a dizer.

— Vá, se comunique com eles, vamos tomar conta dela.

Jacob acenou com a cabeça e com um beijo em Ingrid correu para a floresta. Logo ouvi o uivo do lobo. Edward foi com Emmet ao hospital para conversar com Carlisle.

 

Entramos, Ingrid ficou maravilhada com as paredes de vidro da casa. Esme foi à cozinha preparar algo para comermos, ela ouviu quando meu estômago roncou reclamando a falta da refeição, Ingrid sorriu, ela também ouvira, mas imediatamente ficou corada, acho que ela também estava com fome. Levei Ingrid ao meu quarto e de Edward, nos sentamos sobre o carpete e lhe mostrei alguns livros da coleção de Edward.

Alice juntamente com Rosalie entrou no quarto, trazendo alguns biscoitos e suco. Ingrid se deliciou com tudo sob o olhar atônito de Rosalie.

— Ela precisava olhar com os próprios olhos — Alice sorriu ao explicar a cara pasma de Rosalie.

— Você não é a primeira a ficar assim — Ingrid brincou provavelmente lembrando-se da cara de Alice quando a viu comer pela primeira vez.

— Me... me desculpe. — Rosalie foi pega de surpresa pelo comentário de Ingrid.

 

Todas sorrimos e Rosalie ficou séria, juro que se ela pudesse, estaria vermelha como um tomate.

Senti um cheirinho agradável, Esme estava fazendo o jantar, desci puxando Ingrid comigo, queria chegar à cozinha antes que a comida queimasse e graças aos céus cheguei a tempo de salvar a macarronada e o molho de bolonhesa. Ingrid comeu com prazer, eu fiz o mesmo. Logo ouvimos a chegada de Edward, Emmet e Carlisle, eles estavam sérios, mas Carlisle não pode deixar de sorrir ao me ver, também ficou feliz por poder conversar com Ingrid, ela era um verdadeiro mistério de mistura de espécies e Carlisle queria a entender a todo custo.

Edward me chamou com o olhar que logo compreendi do que se tratava. Fomos para fora e lá pude ver Sam e os demais, além de Jacob que estava inquieto na forma de lobo. Ingrid apareceu atrás de mim e logo correu na direção de Jacob, os outros lobos pareciam nervosos, mas não se moveram, Seth foi o único a se aproximar de nós.

—Sim Seth, não se preocupe, vocês podem ficar por aqui sem problemas — Edward respondeu as duvidas dele e do grupo.

Jacob também se aproximou e logo Edward já sabia o que exatamente ele queria.

— Ingrid — Edward a olhou sério — Jacob quer que você vá até a aldeia Quileute. Mas preciso lhe dizer, talvez o grupo não fique satisfeito com a sua presença no inicio. — Edward se interrompeu com o rosnado furioso de Jacob — Eu, sei, eu sei. Ingrid, você estará segura com Jacob. — sorriu revirando os olhos.

— Eu sei. — Ingrid respondeu afagando Jacob que a puxou com a boca. — Bella, ligarei se resolver ficar por lá — deu uma piscada.

— Ow, acho que só nos veremos amanhã então — sorri.

Ingrid se despediu dos demais Cullens e partiu com Jacob e seu grupo.

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